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Qualquer morte é de lamentar, sejam ricos poderosos mundiais num submarino a fazer turismo ou sejam pobres migrantes a tentarem uma vida melhor atravessando o Mediterrâneo em barcos lotados e inseguros.
Porém, olhamos de forma diferente, incluindo nos media portugueses, até os mais doutrinários e egocêntricos jornalistas.
Normalizaram-se as mortes de quem tenta uma vida melhor vindo pelo Mediterrâneo, na mão de armadores aproveitadores e sem grandes escrúpulos. Já não vêm nas notícias, nem estão nos radares das nossas rezas e da nossa sensibilidade.
Dois pesos e duas medidas que embora não sendo novas, são sempre criticáveis.
Nos últimos domingos tenho acompanhado e comentado com a Sofia um programa de televisão da SIC. Um concurso muito bem estruturado, inteligente, dinâmico e com um casting completamente anormal. Fugiu ao estereótipo imposto pelos reality shows dos últimos anos e às apresentadoras habituais.
A minha avó é consumidora de televisão. Com menos mobilidade, passa mais horas no sofá em frente ao ecrã. É fã do Preço Certo e não gosta das crónicas criminais. Por isso opta pela Praça da Alegria. É fã da CMTV. Diz que lhe faz mais companhia que a Júlia Pinheiro ou o Goucha. Não é fã da calcitrim, nem dos 760, mas vibra com o concurso do Vasco Palmeirim.
Vem isto a propósito de um comunicado recente em que atesta que um dos principais investidores publicitários televisivos em Portugal são as ... televendas. Isso diz muito do que a televisão se está a tornar.
Com o envelhecimento da população, procuram-se as pessoas mais solitárias, mais disponíveis para ir atrás dos anúncios dos aparelhos auditivos do António Sala ou da Lídia Franco, dos sofás ergonómicos e das pantufas. O público mais jovem foge para o streaming, legal ou ilegal.
O programa referido acima não teve grandes audiências talvez por obrigar o espetador a pensar e a maioria das pessoas não está para isso. Até nas redes sociais, basta um clique num coração ou no polegar para exprimir uma reação.
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