O último fecha a porta

Já andava com vontade de visitar a Serrada Peneda há algum tempo e fui lá há duas semanas.

Começamos pelo Baloiço do Mezio, mesmo junto às portas da Serra de Peneda-Gerês.

O caminho cheio de folhas nesta altura do ano é deslumbrante. O acesso ao baloiço tem de ser feito a pé e tivemos a sorte de ver alguns garranos selvagens.

De seguida, fomos diretos ao Castro Laboreiro. A estrada é muito sinuosa e bonita, onde nos cruzamos com muitas vacas cachenas ao longo do caminho. Vacas simpáticas e felizes, a aproveitar a natureza e a liberdade. 

No regresso, paramos para visitar o Santuário da Nossa Senhora da Peneda.

Caminho retomado onde vimos a aldeia acima muito bonita mas sem o marketing de outras na região. Seguimos pelo Soajo, para vistar os espigueiros e lanchar o pão de ló, bem no centro da aldeia.

Por fim, uma visita aos Arcos de Valdevez, uma cidade com alguma dimensão, com uns passadiços muito engraçados junto ao rio.

Hoje o termómetro do meu carro marcava 22º. Estamos a 24 de Novembro.

Nas últimas semanas, as temperaturas rodaram o intervalo entre os 17 e os 13 graus.

Valores anormais para um mês de Novembro. Um Outono que apenas se vê no calendário, na extensão da luz do dia e nas folhas amarelas que caem ao chão. Um Verão de São Martinho infindável!

Valha-nos pelo menos uns tempos chuvosos que bem precisamos depois do susto da seca nos últimos anos.

Longe vão os tempos dos casacos, da lareira acesa, do tempo cinzento e frio. As castanhas ainda não deram vontade de comer.

O mundo anda estranho. A temperatura anormal é apenas uma consequência, numa espécie de ponta de iceberg, de como estamos a desvalorizar o aquecimento global e os fenómenos políticos extremistas e negacionistas. Cada vez mais me preocupo com essa matéria depois de perceber o pensamento  de alguns dos eleitos para governar os Estados Unidos nos próximos anos.

A nossa democracia, os avanços científicos e o progresso de mentalidade está em risco. Estes Outonos consecutivamente quentes e anormais são apenas um reflexo disso.

Foto tirada há 2 semanas nos Arcos de Valdevez

Há alturas que na nossa vida em que se têm de tomar decisões difíceis. Dar passos atrás porque as circunstâncias mudam.

As próximas semanas vão ser de mudança. Fui adiando, fui aguentando enquanto consegui, mas 31 de Dezembro fecha-se um ciclo.

Os tempos que corremos são cada vez mais exigentes e por isso nas próximas 6 semanas serão para arrumações, triagem e voltar ao porto de abrigo.