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Hoje é o último dia.
Estou sentado no sofá a escrever este post. É a minha última noite na casa que acolheu em 2015 quando mudei de trabalho e tive que sair de casa dos pais para viver mais perto.
De 2015 para cá muita coisa mudou: o emprego que troquei em 2018, o covid, a possibilidade de teletrabalho e o aumento das rendas (ou como também lhe chamam a "crise da habitação").
Foi em Outubro de 2015 que criei este blog. Uma espécie de escape para me entreter, à noite, depois do jantar. Por aqui fui partilhando algumas peripécias, problemas pessoais, opiniões sobre tudo e sobre nada, integrei-me numa comunidade virtual de pessoas muito interessantes. Algumas já conheci pessoalmente e outras com quem mantenho contacto regular no dia a dia.
Ao fim de 9 anos e meio, chegou a notícia de aumento muito significativo da renda. Um valor incomportável para quem vive sozinho e que não considero justo. Isto aliado à possibilidade de fazer teletrabalho, leva a que tenha de regressar à casa dos pais.
Ir e vir uma vez por semana à empresa compensa mais do que alugar o apartamento em 2025.
Vai ter prós, vai ter contras. Vou perder alguma autonomia, sair a que horas, comer quando e o que me apetece, etc, mas vou poupar algum dinheiro. Pondo tudo na balança é o que faz sentido neste momento.
Olhando para trás, não me arrependo. Foi a decisão certa em 2015. Mesmo a ganhar um salário menor e com muito mais despesas. O que ganhei em sanidade mental, em crescimento pessoal, compensou a parte financeira que perdi. Acho que o dia que mais me custou ao longo do tempo foi sempre o domingo à noite. É aquela noite em que não há nada para fazer, não anda ninguém na rua. Fazer aquela viagem de carro, chegar ao apartamento frio e estado de espírito triste de um semana que aí vem.
Fecha-se um ciclo e vamos regressar ao porto de abrigo.
Este livro foi-me emprestado por uma amiga das corridas depois de irmos a falar na Quinta dos Animais do mesmo autor durante o treino.
1984 é um romance numa sociedade/país imaginário que vive sob a opressão de um partido único e que controla a vida ao mais ínfimo pormenor da sua população. Esta distopia baseia-se na vida de um funcionário público, entenda-se do Governo único da sociedade, que tem o "Grande Irmão" a vigiá-lo em todos os seus atos e pensamentos.
Entre as suas funções, contam-se por exemplo: o reescrever da história ou das notícias dando conta que as estatísticas de previsão da produção económica do Governo estavam sempre certas; a revisão constante de dicionários com a introdução de novas palavras e mudança de significado consoante os apetites do Presidente; a censaura; a manipulação das notícias da guerra imperialista em que a sua nação está sempre a vencer ou por cima do adversári e o apagar das estatísticas o nome dos opositores políticos como se "nunca tivessem existido".
O nome dos ministérios do Governo são um eufemismo, por exemplo o Ministério do Amor ou Ministério da Memória, mostrando que o Partido único se preocupa com o bem da sociedade e que sem ele, ela não funcionaria.
A subversão do pensamento, primazia da tirania e da ignorância, porque o conhecimento promove a mudança, continua mais atual que nunca.
Toda a narrativa se baseia no sentido figurativo onde conseguimos identificar facilmente os regimes totalitários (de esquerda e direita) vigentes na Europa do Século XX.
Um livro um pouco pesado pelas suas descrições sobretudo na parte final com a descrição das agressões físicas na prisão da personagem, mas inteligentemente bem escrito.
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