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Não deixa de ser irónico e triste, que passados exatamente dois dias depois de uma estação de televisão ter a sua pivot de noticiários a anunciar com um sorriso de orelha e orelha, que a sua estação ganhou as audiências devido a uma agressão num reality show, um adolescente mate a sua mãe a tiro.
Mais irónico é quando vemos um diretor de escola a silenciar um suicídio coletivo de crianças, em vez de discutir e evitar novos casos.
Discute-se muito a saúde mental, mas quando o exemplo não vem de cima nem dos quem tem influência, nada feito.

Nem de propósito.
Na semana passada, ao fim da tarde, estava a chegar à cozinha e a minha avó tinha sintonizada o televisor num canal onde se ouvia uma grande algazarra. Entre gritos, berros e muitos "piiiiis", em segundos, percebi qual era o programa. O reality show da TVI.
Hoje, na hora de almoço, no noticiário da estação, a pivot anunciava com um sorriso de orelha a orelha e tom vitorioso: a TVI ganhara as audiências da noite anterior, que contou uma agressão entre dois concorrentes da Casa dos Segredos. Uma mulher esbofeteou um homem (Deus nos livre se fosse o inverso!).
Quem vai para um reality show, nos dias de hoje, sabe perfeitamente ao que vai e com táticas bem estudadas. As produções levam as manipulações ao extremo, em nome das audiências, da polémica e dos memes. As famosas "cadeiras quentes", as votações do "mais falso", o "mais intriguista" e o "esta noite tudo vai mudar" são exemplos. Os reality shows deixaram de ter o encanto de outros tempos e uma coisa que nunca perceberei é: como é que num país com baixos rendimentos como o nosso, há pessoas que perdem tempo e dinheiro em votações telefónicas e clubes de fãs.
Esta espuma revela bem os tempos que vivemos. Ninguém quer saber de diversão e do entretenimento positivo. Às 6 de tarde, hora em que muitas crianças vêm TV depois da escola ou enquanto os pais preparam o jantar, promovem-se discussões de adultos com todos os palavrões e insultos da pior espécie. Procura-se a polémica, o espalhafato e as piores emoções do ser humano.
Para quê?
Para a pivot anunciar que ganhou as audiências com um sorriso de orelha a orelha
Ontem fui abastecer à Galp.
Quando estava na caixa, tinha sede e perguntei o preço das garrafas de água de 1.5 L.
Paguei 1.684 €/litros pelo combustível.
Pediram-me 1.80 €/1.5 litros de água.
Daqui a pouco fica mais caro a água que o gasóleo. Como é óbvio, não comprei a garrafa mas dei por mim a pensar no disparate disto. O preço de custo da garrafa devem ser uns míseros cêntimos, mas há que alimentar a pesada administração da Galp e respetivos accionistas. Assim, é fácil fazer dinheiro. Compra quem quer, mas não deixa de ser exagerado.
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