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Por vezes damos mais importância às coisas do que aquilo que elas têm, permitindo-lhes ganhar um peso não tem.
Foi o caso do bebé abandonado, é no futebol e é com André Ventura, por exemplo. Até na nossa vida pessoal, quantas vezes damos importância a pessoas que não o merecem?
Os nossos media, as redes sociais e os influencers, na falta de melhor, vão pelo caminho mais fácil e acessível para atingir os seus objetivos, seja ego ou audiências. Muito se fala do André Ventura. Nem que seja para dizer que se negoceia com todos, menos com ele. Acho até demais e ele agradece a notoriedade. Nem precisa de se esforçar muito. Basta dizer umas bacoradas com uns microfones à frente, que logo toda a gente comenta, critica e dá-lhe (demasiado) palco. É isso que ele quer. Até ao Brasil já chegou a sua presença.
Enquanto toda a gente anda a discutir o que Andrézinho disse, ou escreveu na tese, ou protestou, ou que nem sequer quer contacto com ele, outros assuntos vão ficando para trás na agenda, como a corrupção, a deficiente resposta nos transportes públicos ou o caos da saúde.
P.S.: A propósito dos partidos, uma deputada foi ao Parlamento protestar com o Primeiro Ministro que "não se pode falar de amor", sugerindo passar de 635 € para 900 €. É com amor que se fazer o empregador aumentar 50% os seus custos? Nem todos os que pagam o salário mínimo são egoístas, como lagostas e andam de Porsche. Uns sim, mas a maioria não. Não sei se ria não sei se chore...
Nos últimos dias não tenho andado muito presente, mas vou partilhar como vejo as coisas.
Um bebé vivo foi encontrado no lixo. Um crime hediondo, sim, mas não foi concerteza o único nos últimos meses.
Porém este ganhou um protagonismo excessivo, pelo menos para mim.
Longo tempo de antena, com o presidente da república (o mesmo que ligou para o Programa da Cristina) a meter-se ao barulho a dar ainda mais holofotes ao tema.
Não muito longe, decorria o WebSummit, um evento importante para o país, onde a excitação dos primeiros anos se começa a desmorecer. Afinal, não há assim tantas novidades todos os anos. Apesar das principais rádios e TV's terem todas as condições e mais algumas para os diretos e emissões especiais e apesar do merchandising mais caro ter esgotado, já se fala que esta edição foi um flop e que os custos financeiros da sua organização estão muito exagerados.
Enquanto decorre o artifício dos nossos media, temas importantes vão sendo esquecidos como a corrupção, a indisciplina nas escolas, as vítimas de violência doméstica, os contratos manhosos do negócio do lixo com a Mota Engil, mais uma injeção de dinheiros públicos no Novo Banco e a falta de recursos na Saúde.
Porque não se fala também destes temas? Não dá audiência? Vai contra interesses instalados?
Cometi o erro de parar em zapping de parar num programa chamado "Roast" na TVI. Já tinha ouvido falar e tive curiosidade. Podia ser anedotas, podia ser cómico, mas não!
Não aguentei mais que 15 minutos de um programa gravado (e editado), em que espetadores pagaram para assistir. A mim dever-me-iam ter pago para aquele suplício.
Tanto disparate, insulto gratuito, racismo, sem ponta por onde lhe pegue. Um verdadeiro retrocesso civilizacional.
Já o disse várias vezes. Não percebo o humor negro. Acho que é confundir piada com estupidez. Não sei se este programa é de humor negro, mas é prejudicial à nossa sanidade mental.
A minha avó é uma consumidora de programas matutinos e vespertinos. Nos últimos meses, tem feito bastante zapping entre a TVI, a SIC e esta semana também pôs na RTP com a estreia do programa da Tânia. Nota-se a curiosidade em avaliar cada um dos novos formatos e apresentadores.
Em Janeiro, escrevi nos comentários de alguns blogs que apenas ia opinar quando tivesse férias, que calharia precisamente uns quatro meses após a estreia, depois do ímpeto inicial.
Neste feriado chuvoso, vi um bocadinho de televisão de manhã.
Vamos ao da SIC:
Pela primeira vez, vi o Programa da Cristina. Muito barulho, pouco conteúdo. Uma receita de favas que sinceramente não percebi muito e o tema foi uma entrevista ao ex-ator e atual médico José Carlos Pereira, a protagonista da sua revista e uma crónica criminal (ótima para alegrar este dia chuvoso ). Não percebi ainda qual o papel do Cláudio Ramos no programa. Se é verdade que já li muitos elogios, penso que com o tempo, vai cair na palhaçada e desinteresse (nesta parte estou-me a deixar influenciar pela minha avó).
Na TVI
Já tinha escrito aqui que não tinha gostado do que estavam a fazer à Maria Cerqueira Gomes na TVI. Colegas apresentadoras não facilitam estavam a criar entrosamento e a rapariga estava com um ar cansado, pressionado e triste.
Esta semana, sem o Goucha, diz a minha avó, que está a gostar muito da Maria. Hoje vi uma apresentadora confiante, simpática, revigorada, empática, sem histerismos. Estava humilde, sem ninguém a atropelá-la e a interrompê-la. Força Maria!
A semana que acabou foi preechida, daí também ter andado desaparecido aqui do blogosfera.
Da semana, retive a polémica exagerada sobre os programas de domingo à noite.
Vi o da TVI e no intervalo vi o SIC. Honestamente, o da TVI é mau de mais. O stripper tinha ar de tudo, menos de encalhado. Bem, adiante, muitas pessoas revoltaram-se pela mercantilização da mulher.
Concordo com essa perspetiva, mas também assinalo que as senhoras que sujeitam a esse escrutínio sabem ao que vão. A fama, o dinheiro e o ego falam mais alto que o bom senso. Não me vou alongar mais sobre isso, pois não pretendo tornar a ver e pelo que sei já foi mudado o horário do da TVI. Valeu a pena o pressing de algumas femininistas, entre as quais a Capazes.
Este fim de semana, o sábado trouxe vento e frio.
Domingo de manhã, um pé de água que meteu medo. Deixei-me ficar a dormir.
À tarde fui dar uma caminhada curta à beira mar, já que estava solarenga.
Em Lisboa, houve uma marcha silenciosa contra a violência doméstica e o programa humorístico da TVI ridicularizou a decisão do juíz Neto de Moura, que continua impune e protegido parecendo que nada de grave se passou. A violência doméstica deve ser uma causa nacional, apesar dos maus e tristes exemplos que vêm da Justiça. Este ano já morreram 9 mulheres. E se a união dos enfermeiros fosse a mesma união das mulheres contra este flagelo?
À noite, ao fazer zapping, deparei-me com um programa muito interessante na RTP Memória. Chama-se "Portugueses pelo Mundo" e faz uma visita guiada por capitais ou cidades do mundo, sendo portugueses que lá vivem emigrados a fazê-lo. Muito bem produzido e sem lamechices irritantes. Mostram as principais atrações e carateristicas das cidades numa espécie de roteiro comentado em vídeo. Esta semana foi Madrid.
Com um sábado chuvoso, fiquei por casa e aproveitei para ver as notícias que circulam por aí.
Chamou-me a atenção um excerto de uma opinião política, emitida na SIC Notícias, em que uma comentadora insultava a cultura geral de um líder político nortenho sem qualquer argumento ou suporte. Já vimos o preconceito racial, o preconceito de género e assiste-se agora ao preconceito regional...
A comentadora questionava se o portuense sabia onde era o Saldanha? E eu pergunto será que ela sabe onde fica a Rua das Flores no Porto? Ou sabe a localização da Casa da Música no Porto? Ou sabe o que é a Cabra em Coimbra? Declarações inóspitas que invadem a televisão portuguesa. Sem qualquer valor acrescentado. Fomenta-se polémicas, guerras e mesquinhez sem qualquer necessidade.
Começo a achar cada vez mais que não é quem tem qualidade quem opina, mas sim quem é polémico e tem o factor "c". E podia estar em causa um político, um médico ou outra pessoa qualquer.
Coimbra, uma das grande cidades portuguesas, foi noticia este fim de semana. Razão? Um incêndio. Devido a uma desgraça, a cidade mereceu diretos e alertas de última hora. Mas é só por isto que Coimbra aparece...investimentos, provas e outras notícias que mereçam destaque nos media? Na Lousã, existem imensos trails, atividades de natureza e cascatas lindas que as televisões ignoram.
Sobre a discriminação regional das televisões, já falei várias vezes dela. A maioria dos programas são feitos a partir de Lisboa. As exceções são a Praça da Alegria , dois noticiários da RTP e os programas populares de sábado e domingo à tarde. Mais nada.
Se formos aos canais de TV Cabo, a única exceção é o Porto Canal. E este tem uma programação muito mal orientada. No horário nobre, o canal passa programas de ... vinhos. Que apenas interessam a um nicho muito reduzido. Durante o dia, quando as pessoas trabalham, até tem conteúdos interessantes. Se o Porto Canal tivesse a mesma programação noutros horários, teria bem mais público e influência. O resto das regiões só são notícia quando há tragédias.
Este egoísmo e centralismo lisboeta é afunilador de um país unido. E isso é triste. É desanimador. Faz perder a esperança que as coisas mudem e sejam melhores. Lisboa é capital e o resto é paisagem.
Todas as redes sociais falam e toda a gente "carnal" fala - a polémica da Maria Leal.
Um alvo fácil, com muitas atitudes e memes jucosos (rende likes e visualizações...) e sem ouvir a versão dela.
Honestamente parece uma espécie de bullying que muitas almas condenam, mas o praticam - põem like e gozam com a situação.
Vi ontem na "box" a reportagem e reparei que não ouviram os dois lados da história e para fazer render o peixe até vai haver uma "parte 2".
Se for verdade o que foi dito, é naturalmente eticamente reprovável. Quanto a mim, não pus nenhum like, nem vi nenhum youtubber, nem vou contribuir mais para buzz desta situação.
Nestes dias de ausência, houve várias notícias que movimentaram a atualidade. Cá vão breves notas:
- Pedrogão Grande
Não vi a reportagem, mas o resumo não surpreende: fraude, corrupção, conivência do poder político e jobs for the boys. Tudo o que de pior uma sociedade pode ter !
Reafirmo que não me arrependo de não ter contribuído que nem um cêntimo para esses donativos organizados e chamadas de valor acrescentado. Não por falta de solidariedade, mas por dúvidas quanto ao real destino. O tempo veio dar-me razão.
Admiro sim, quem foi ao terreno, voluntariar-se e ajudar quem realmente precisa (in loco).
António Costa foge do assunto. Marcelo Rebelo de Sousa está calado...
- Cristina Ferreira
Parece que a SIC, uma estação privada, vai oferecer um contrato milionário à apresentadora. Não vejo problema nenhum.
Não só porque ela não vai fazer jornalismo, vai fazer entretenimento, mas também porque a empresa privada vai pagar o que acha justo por aquilo que ela pode vir a oferecer à estação.
Os mesmo que criticam a apresentadora, se for preciso são os mesmos que elogiam a transferência de Cristiano Ronaldo.
Porque é um pode ser ambicioso e ganhar bem e outra não pode?
Vejo por aí muita inveja e sexismo a falarem mais alto!
- As malas de Ryanair
A Ryanair é muito popular pelos baixos preços praticados pelo essencial num voo.
Se vai cobrar pelas malas de mão, vai perder a sua essência e diferenciação, até porque a operadora não tem custos acrescidos com ela. É uma cobrança injusta e que não faz sentido!
Vai perder clientes e a sua mais-valia.
- Agressões de ciganos à polícia
As cenas de Estremoz vêm dar razão aos críticos e deitar por terra abaixo as dificeis tentativas de associações para a integração social dos mesmos. Nem todos os ciganos têm as atitudes anarquistas e vândalas com as que se passaram no Alentejo [agressões à polícia, destruição de material, etc], mas confirmam os defeitos.
Já muito se falou da SuperNanny, e também vou contribuir para o buzz em torno do programa.
Mais uma vez, como em muitos outros, vemos as autoridades portuguesas a irem atrás do folclore mediático, em vez de se focarem em coisas importantes.
No domingo vi por curiosidade um pouco do programa e acho um exagero as notícias e intervenções de comissões, comissários e bastonários, embora não concorde com a exposição das crianças.
Sou completamente contra e assumo os daddy/mummy blogs, que usam os filhos para se promover socialmente e obter ofertas alienando a sua privacidade. Neste caso, é diferente.
Existem problemas reais, que qualquer pai ou mãe pode ter e o programa tem uma certa vertente pedagógica (o caso de ontem acontece com uma ex colega de trabalho, em que o pai a desautoriza em frente à filha). Porém, tenho de ser coerente e criticar a exposição destas crianças. A sua privacidade não fica protegida.
Será que ao se discutir este programa (porque fica bem e se marca a agenda) não está a esconder falhas na discussão e vigilância de coisas mais importantes e úteis?
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