Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Li que algumas empresas assinaram um pacto relativo ao emprego jovem. Basicamente duas mensagens: contratar mais jovens e integração nos quadros.
Teorias e palavras bonitas, há muitas, mas é preciso concretizar...
Comecei a trabalhar numa empresa de referência em auditoria, já o disse, onde 90% dos trabalhadores tinham menos de 30 anos. Recorrentemente, vejo essa empresas e outras concorrentes lançarem comunicados para os jornais económicos anunciando que vão contratar centenas de pessoas por ano. Não pagavam mal para recém licenciados e as funções eram boas. O problema era a qualidade do trabalho: péssimos horários, muitas horas extra não pagas (escondidas pelo subsídio de "isenção do horário" - o meu salário/hora real era muito abaixo do mínimo - eu fiz a conta), muita pressão e um péssimo equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Por essa razão, ninguém lá pára.
Nessa mesma altura, o primeiro ministro de Portugal escorraçou os jovens licenciados para a emigração. E muitos assim o fizeram. Hoje pagamos a fatura sem médicos, sem enfermeiros e com o nosso investimento em formação a ir para outros países.
Mais do que promessas e de integração nos quadros, aquilo que se pede são melhores salários e melhores condições de trabalho, menos precários, horários decentes e um sistema tributário mais justo. Não só com jovens mas com os "adultos". Um partido denunciou a tirania do sistema fiscal na campanha das eleições legislativas que comia os aumentos salariais em IRS. Para distribuir milhões aos administradores da TAP há dinheiro, mas para dar mais 20 ou 30 € líquidos ao trabalhador, já não há orçamento.
Na lista das empresas signatárias, surpreendeu-me ver a RTP, quando a maior queixa que fazem é a da precariedade dos seus jornalistas. Ora, é um contrasenso, um dos piores empregadores vir assinar promessas dessas, quando não deveria mais que cumprir a sua obrigação ética.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.