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As promessas do emprego jovem

31.01.23

Li que algumas empresas assinaram um pacto relativo ao emprego jovem. Basicamente duas mensagens: contratar mais jovens e integração nos quadros. 

Teorias e palavras bonitas, há muitas, mas é preciso concretizar...

 

Comecei a trabalhar numa empresa de referência em auditoria, já o disse, onde 90% dos trabalhadores tinham menos de 30 anos. Recorrentemente, vejo essa empresas e outras concorrentes lançarem comunicados para os jornais económicos anunciando que vão contratar centenas de pessoas por ano. Não pagavam mal para recém licenciados e as funções eram boas. O problema era a qualidade do trabalho: péssimos horários, muitas horas extra não pagas (escondidas pelo subsídio de "isenção do horário" - o meu salário/hora real era muito abaixo do mínimo - eu fiz a conta), muita pressão e um péssimo equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Por essa razão, ninguém lá pára. 

 

Nessa mesma altura, o primeiro ministro de Portugal escorraçou os jovens licenciados para a emigração. E muitos assim o fizeram. Hoje pagamos a fatura sem médicos, sem enfermeiros e com o nosso investimento em formação a ir para outros países.

 

Mais do que promessas e de integração nos quadros, aquilo que se pede são melhores salários e melhores condições de trabalho, menos precários, horários decentes e um sistema tributário mais justo. Não só com jovens mas com os "adultos". Um partido denunciou a tirania do sistema fiscal na campanha das eleições legislativas que comia os aumentos salariais em IRS. Para distribuir milhões aos administradores da TAP há dinheiro, mas para dar mais 20 ou 30 € líquidos ao trabalhador, já não há orçamento.

 

Na lista das empresas signatárias, surpreendeu-me ver a RTP, quando a maior queixa que fazem é a da precariedade dos seus jornalistas. Ora, é um contrasenso, um dos piores empregadores vir assinar promessas dessas, quando não deveria mais que cumprir a sua obrigação ética.

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publicado às 08:45


10 comentários

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De Andy Bloig a 01.02.2023 às 19:24

Portugal tem um grande problema: as empresas são validadas pelos lucros obtidos.
Uma pequena empresa cresce, se os sócios obtiverem 800000 euros em prémios, 12000 euros em salários e 500 euros de lucro líquido.
É para cumprir esses 3 pontos que os gestores operam nos recursos humanos (e na fiscalidade) da forma que sabes.
Em Dezembro de 2022, vimos essa situação a ser usada por milhares de empresas portuguesas. Pagarem prémios de 500 euros, aos funcionários gerais, os gestores levaram 250000 euros e os directores chegaram a levar mais de 1 milhão de euros, cada. Ora se 7 directores recebem 7 milhões de euros, é fácil ver que os 8 milhões, pagos em prémios é lindo numa empresa que tem 8000 trabalhadores. Só que a maioria dos trabalhadores faz mais de 1000 horas de trabalho extra, sem receber 10% do que lhes é devido. Os directores, cumprem o orçamento (mesmo que tenham terminado 200000 contratos, a parte que interessa é que a empresa tem mais 20 trabalhadores que no ano anterior e a média escolar subiu para o bacharelato) e recebem principescamente. É curioso que vemos milhões de portugueses lá fora mas, são menos de 1 (por milhão) que fazem parte dos gestores/economistas. Ora Portugal anda a formar 9000 desses, a cada ano, desde 1993.
A nível de médicos/pessoal de enfermagem, o maior problema é mesmo o nosso sistema de ensino. Um exemplo: um médico geral alemão, passa por 7 anos de aulas, com 3 meses de prática. Um português passa pelos mesmos 7 anos, com 2 anos e meio de prática. É por isso que os portugueses voam para Inglaterra, França e Alemanha, pois a prática coloca-os muito à frente dos colegas locais. Nos enfermeiros é ainda maior a distância. Uma das razões é o SNS garantir 16000 estágios anuais. É o valor mais alto da Europa. Na Espanha são 3700. Na França 5300. Assim os portugueses são muito cobiçados.
O mesmo acontece nas áreas práticas. Um electricista português, formado pelo IEFP, com o 12 ano, consegue ganhar 10000 euros, mensais, na França. Por cá, até pode conseguir mais, se tiver contactos nas grandes construtoras. Porque ao não apresentar um diploma (agora já chegam a pedir mestrados), é ignorado pelas grandes empresas, autarquias e pelo próprio estado, nos concursos de admissão. Restando biscates ou trabalhar, por 1200 euros, mensais, para o licenciado que ganhou o concurso...
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De O ultimo fecha a porta a 04.02.2023 às 18:37

Ou ... não passar factura

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