O último fecha a porta

no seu Instagram tem belas fotografias.
faz bem visitar o nosso belo Portugal.

É natural. Aquelas zonas só tem "movimento" na altura dos emigrantes. Mesmo no Sabugal (maior que Penamacor), o hotel costuma fechar nos meses mais frios, o que encerra também 2 restaurantes (são propriedades do presidente da câmara). Mesmo sem confinamento, isso é o habitual para essa região.
As aldeias estão desertificadas, algumas já tem casas de turismo rural que chegam a ter mais habitantes (no verão) que as aldeias tem registados.
Durante muitos anos fui passar temporadas para ao pé da Vila de Touro (terra onde nasceu o meu avô materno), que fica entre o Sabugal e Guarda/Belmonte. Se foste por Pêga, para Belmonte, passaste lá ao lado.

Secalhar passei lá. Sortelha é linda, muito linda mas estava deserta. Aliás, um pouco por todo o lado é uma dor de alma ver tudo fechado. é certo que foi num dia de semana no mês de Abril, mas mesmo assim... Monfortinho parecia uma aldeia fantasma. O hotel só tinha dois quartos ocupados. Por acaso servia jantar (perguntei quando marquei). O pior foi mesmo a dificuldade em ter refeições. Podia esperar mais uma semana, mas tinha férias nesta :) Em breve vou partilhar fotos.

Se lá fosses entre o 1 de Julho e o 15 de Setembro (30 de Agosto, pois as 2 semanas de Setembro são as vindimas), aí vias tudo aberto, muita gente nas ruas, os festejos (com a pandemia isto desapareceu tudo) e até as feiras aumentam.
Foram desse intervalo de tempo, com pandemia ou sem ela, é o habitual nessas zonas. Lá animam quando chega um autocarro com turistas, ou nalgum fim de semana com mais calor (a praia fluvial fica ao fundo da rampa/estrada, sendo que a entrada é depois da ponte, que usaste para subir para Sortelha). De resto, mesmo no Sabugal, a partir das 16h, mal se encontram pessoas, quanto mais lojas abertas. Até as escolas costumam terminar as aulas entre as 16 e as 17, sendo que no inverno é 15-16.
Quando lá ia (há 20 anos atrás ia lá quase todos os anos, entretanto o meu avô faleceu, a minha avó pouco tempo depois, eram dessa zona) era um marasmo. Cheguei a ter de fazer os 8km a pé do Sabugal lá à aldeia, pois o autocarro partia ás 16:10, quem se atrasasse teria de ir à Câmara (fica em frente à garagem dos autocarro) ver se ainda lá estaria algum táxi (o preço da viagem eram 11 vezes o preço do bilhete do autocarro). Sem isso, restava ir a pé para casa. Algo que acontecia a muita gente (maioria por não poder pagar o táxi). Durante as tardes, vias mais gente a andar a pé, na estrada de Pega, do que dentro do Sabugal.

Se alguma vez vires para aí as experiências das rotas do contrabando, que tenhas possibilidade de ir, aproveita. (Eram habituais entre Maio-Junho... pré-pandemia.) São MUITO MUITO cansativas, pois vais conhecer as serras e os postos da polícia fronteiriça, e saberes que pincéis de barbear, roupas, sapatos e até penicos, eram alvo do contrabando. É uma noite dura mas, que termina com algo impossível de explicar ou fotografar: o veres nascer o sol, "vindo de Espanha", numa das serras é algo que só sentido se percebe.

Agora com o fecho das fronteiras, algumas rotas até devem ter sido "recuperadas"