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Hoje é o dia da Mulher.
Um dia que deve servir de reflexão para o caminho que a sociedade portuguesa, europeia e mundial quer seguir.
Haver dias dedicados e oferecer rosas não chega. De todo. Há um longo caminho a percorrer. Alguns passos felizmente já estão a ser dados.
Se olharmos para os cargos mais influentes em Portugal, vemos poucas mulheres. É melhor que nada, mas não chega.
Nas empresas, as mulheres que lideram grandes empresas, estão lá por descendência familiar, nomeadamente Cláudia Azevedo e Paula Amorim. Mérito ou dinastia?
Na Banca nem uma mulher presidente.
Nos accionistas, Isabel dos Santos e a dona do Santander mais uma vez ascenderam pela família.
Isabel Vaz, Manuela Medeiros e Manuela Tavares de Sousa são algumas exceções.
Nas chefias há poucas mulheres, mas aí sou sincero, o perfil de liderança depende muito da pessoa. Já teve reportes femininos muito complicados e prefiro a liderança masculina. É mais simples e objetiva.
Na política, o melhor que houve foram 3 dirigentes partidárias mulheres nos últimos 10/20/30 anos: Manuela Ferreira Leite, Catarina Martins e Assunção Cristas. Apenas uma resiste.
Primeira Ministra nenhuma recentemente, Presidente da República nenhuma e apenas uma na AR: Assunção Esteves.
Uma ministra, a dos incêndios, disse que se sentiu discriminada quando foi criticada por chorar num funeral e o seu sucessor homem tem feito trinta por uma linha e assobia-se para o lado.
Na Justiça, Maria José Morgado, Joana Marques Vidal e Lucília Gago tentam se impôr.
Porém juízes e juízas com acórdãos ridículos como o de Neto de Moura e a discriminação da juíza que tratou carrilho por "Doutor" e a vítima mulher por "Bárbara" envergonham-nos enquanto sociedade.
No Desporto, estamos a anos-luz de uma sociedade igualitária. Uma outra atleta se destaca a nível individual (Telma Monteiro, Vanessa Fernandes), mas nos desportos coletivos só agora e apenas o futebol começa a dar os primeiros passos. Mesmo assim, o FC Porto nem essa modalidade abraça.
Na vertente amadora, onde participo, quem anda à mais tempo e as organizações das provas destaca que hoje há muito mais mulheres a correr e a participar em corridas. Ótimo!
No mundo milionário da televisão, Cristina Ferreira tem feito a diferença. Muito porque as revistas cor de rosa, também dirigidas por mulheres como na Cofina, lhe dão projeção e polémicas.
No entanto, ainda esta semana, uma jovem youtubber foi humilhada pelo namorado num vídeo em que participou voluntariamente para se vender a uns likes.
Já defendi mais as quotas que defendo agora.
O que temos visto são escolhas de mulheres para fazer número. Algumas seleções são apenas para cumprir a lei, mas que não chateiem. Escolhe-se a sogra (como na presidência atual do CDS), a mulheres da família (como no PS de Barcelos) e a primeira que aparecer mesmo que não conheça nem perceba nada do programa que representa (como no PAN Setúbal e que foi eleita deputada).
Defendi as quotas como um mal necessário para trazer mais a mulher para os cargos relevantes. Mas o lado negativo desta opção está-se a evidenciar cada vez mais. Li este artigo de opinião e hoje concordo com a conclusão: "a presença quantitativa de mulheres em listas não é, por si só, sinónimo de coisa nenhuma. Na escolha para cargos de responsabilidade, fica à vista a falta de preocupação com o perfil ético e o rigor demonstrado no percurso político. Ou para isso também é preciso criar quotas?"
Deixa-me triste estas escolhas e as sobretudo as mulheres que se prestam a este papel!
Defendo a igualdade entre homens e mulheres. Hoje, o caminho a percorrer já encurtou mas tem muitas pedras, muitas colocadas pelas mulheres que se prestam a papeis.
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