Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Pela primeira vez li uma obra de Camilo Castelo Branco: A queda dum anjo.
Quando comecei a ler a obra, chamou-me a atenção o vocabulário de Camilo. Muitas das palavras já não se usam hoje em dia o que constitui um desafio, embora se vá percebendo perfeitamente o significado da frase.
A personagem principal é um deputado que troca Trás os Montes pelo Parlamento em Lisboa. Estamos a falar do final do século XIX, altura de Camilo.
O "anjo" caracteriza-se por ser um acérrimo defensor da moral e bons costumes. Muita retórica, muito blá blá inútil e conservador, como os saudosistas e guardadores da moral e bom costumes gostam. Vai subindo na vida e nas cortes políticas, arranjando uma amante. Uma brasileira, avantajada, o oposto da sua mulher provinciana e campónia. O dilema da personagem coloca-se na sua imagem política e no dinheiro da sua esposa de casamento. Para viver, o "anjo" preciso do sustento da mulher que o envergonharia em Lisboa. A piada do livro é perceber como será a queda do anjo. Camilo fugiu ao cliché das novelas e foi pela via mais ética. O deputado prescindiu e deu o divórcio à mulher traída e ambos seguiram o seu caminho sem ficarem presos ao passado e a vinganças.
Sobre a escrita de Camilo constatei que revela tal e qual a mentalidade portuguesa: ineficiência.
Páginas e páginas "à volta". A acção não avança. 150 páginas a engonhar, para depois nas 100 finais a história ganhar emoção e ter o seu interesse. O português é assim: deixa tudo para a última. É na seleção, é no trabalho, é na pagamento de impostos. Até nas literatura...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.