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Trata-se de um livro de Alves Redol, "Uma fenda na muralha" e li por sugestão do Robinson.
História
Passa-se na Nazaré e relata a estreia em alto mar do barco de um pescador que é a personagem principal da história. O nome de guerra é Zé Diabo Negro, cujo simbolismo, é intencional. Uma figura machista, viúva, violenta, ego vincado e que sempre viveu o desafio da pesca no mar traiçoeiro da Nazaré.
A história começa com a festa dedicada à inauguração do barco de pesca mais recente da vila piscatória e que pertence ao Zé Diabo. Aí é desafiado pelo filho, aspirante a suceder o pai nas lides, a lançar-se em alto mar numa noite de tempestade, num misto de desafio, luta de egos e teste à embarcação, uma vez que outro pescador "concorrente" já decidiu que vai arriscar. Grande parte da narrativa descreve a angústia, o desespero e medo que os pescadores sofrem quando vão para alto mar, apontando para o fim trágico, que se confirma, uma vez que não chegam todos vivos a terra.
Opinião
É um livro muito diferente daqueles que já li, pois passa-se na Nazaré e uma realismo e capacidade descritiva muito interessante. A escrita é muita fluida, emocionante e muito envolvente.
- História portuguesa
A ação passa-se Nazaré, uma realidade portuguesa e bem real. Para quem vive ou conhece a cidade consegue reencontrar-se facilmente com a história e com as personagens.
- Realismo da ação
Conseguimo-nos envolver muito facilmente na história, tal o realismo da descrição. A forma como é descrita a intensidade da tempestade, o sofrimento, medo e angústia de quem vai no mar e de quem fica em terra, o ego de emprestar o leme do barco a um novato, o ego de perder uma competição que no desespero se transforma em solidariedade, as promessas à Nossa Senhora da Nazaré e toda a envolvente são de alguém que sentiu a necessidade de viver para contar como li aqui.
- Riqueza do vocabulário
Esta foi a principal dificuldade. Existem algumas palavras "técnicas" da pesca e algumas expressões que não são usadas no nosso quotidiano e por isso é uma descoberta.
Em suma, é um livro muito bem escrito que vale a pena ler e que nos incute mais respeito pela dura profissão de pescador e uma viagem ao sentimento e mar nazareno.
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