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Não ligo muito a futebol, mas vamos falar de racismo, de coragem, bom senso e claques.
Marega surpreendeu tudo e todos, mesmo os que insistiam em não querer ouvir, ao desistir do jogo de futebol (no exercício da sua profissão) em prol de um valor: respeito pela raça e dignidade humana.
Admiro a sua coragem. A coragem a muitos que preferem o silêncio, as queixas sem resultado (apenas multas) ou atitudes igualmente baixas como mostrar o rabo.
O jogador fez muito bem em desistir. Em dizer chega! Podem discordar das suas opções contratuais, mas nunca equipará-lo a um macaco.
Esta atitude permitiu despertar consciências e alertar para aquilo que o futebol português se está a tornar: perigoso, dominado por uma elite fanática à procura de tempo de antena.
Porém, não dramatizo e acho que somos um país racista.
Não somos.
Nem estamos mais racistas do que há dez ou vinte anos atrás.
O futebol em Portugal vive muito de emoção e pouco de razão.
As claques é um tema que dá pano para mangas. A sua intenção é boa: juntar um grupo de adeptos que tem em comum o gosto por um clube.
O que vimos nos últimos meses:
- Uma claque com cânticos a desejar a morte ao adversário, numa alusão ao avião da Chapecoense
- Uma claque a invadir o centro de estágios da sua equipa para dar uma coça nos jogadores
- Uma claque a perseguir o presidente que lhes retira privilégios (se os contestatários que insultaram o presidente Varandas se revoltassem assim com outros temas da sociedade, secalhar estaríamos melhor).
- Uma claque com insultos racistas a um jogador negro
- Duas claques em confrontos provocando uma morte e um pacto de silêncio.
.... e muito mais que não sabemos (ou não há notícias públicas)
Estas más consequências e poder são transversais a todos os clubes. Chegou a um ponto que pode deixar de ser benéfico.
Hoje em dia, as estações de televisão com dezenas de programas no Cabo, fazem de tudo para ter audiências. Contratam comentadores que se prestam ao papel de incendiários para ter uma avença e se queremos um futebol digno temos de corrigir as várias vertentes.
Não é só claques, campanhas de sensibilização, multas, jogos à porta fechada e comentadores. É tudo ao mesmo tempo.
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