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Só agora vou escrever sobre Borba. Já fui comentando por aí, mas deixei a poeira assentar.
Nas minhas resoluções para 2019 tinha pensado ir em Junho ao distrito de Évora conhecê-lo. Do que já tinha lido, Vila Viçosa estava (e estará) no meu roteiro. A capital do mármore.
Na semana passada jantamos em choque. Uma estrada ruiu, num dia chuvoso, desabando numa pedreira de mármore em Borba. Seis mortos.
Há dezassete anos atrás foi em Entre os Rios. Perderam-se 57 vidas, caiu um ministro e o país acordou para a manutenção das pontes e para o Interior esquecido. Foi numa noite chuvosa, ventosa e de Inverno.
No ano passado foram os incêndios. Dezenas de mortos em Pedrogão e nas aldeias serranas do Centro do país. Não há culpados. Foi um poste, o calor, as matas por limpar...
Existem umas acusações inconclusivas, fraudes nos acessos aos subsidios, compadrios de terceiro mundo nalgumas Câmaras Municipais afetadas e assobia-se para o lado. Afinal não há mais nada para arder e os interesses políticos, pessoais e empresariais falam mais alto. Pesa pouco nos votos!
O que têm em comum estas tragédias em Portugal? Todos no Interior, sem condenações. A culpa é sempre do mau tempo.
As pessoas saem das suas aldeias para o Litoral, outras emigram e o Interior fica deserto. Os serviços públicos fecham e as empresas são inexistentes. Lá não há Websummit, não há start-ups, não a Uber, a Glovo, nem shared services. As cidades de Bragança, Guarda e Fundão tentam remar contra a maré, mas não é suficiente.
Voltando a Borba. A malta dos gabinetes e dos "Jotas" perguntam-se onde é que isso fica? Conhecem Lisboa, Porto, Oeiras, Cascais e pouco mais (talvez Castelo de Vide devido à "Universidade de Verão"). No país real, fora dos gabinetes, existem muitos problemas, mas só são conhecidos quando há uma tragédia.
Responsáveis presos? Nem vê-los. A culpa é da chuva, do calor, do vento....
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