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Quem me conhece, sabe que gosto de passear. Poupo durante o ano para poder turistar, procurando promoções ou marcando com antecedência para ter preços melhores. Ao contrário de anos anteriores, quis algo mais tranquilo. Menos cultural e mais "papo para o ar" (também faz falta!) Este ano, tirei em férias em Julho e optei por ir para fora.
Duas razões para isso: a primeira é que nos últimos anos fiquei em Portugal e os preços estão cada vez mais exorbitantes. A nossa hotelaria está com o seu umbigo virado para para os turistas estrangeiros com preços absurdos para o que oferece (um quarto e pequeno almoço). A obcessão em aumentar a receita por quarto escorraça os portugueses para outras paragens.
Vendo as opções de alugar apartamento ou hostel, a situação não melhora. Preços igualmente exorbitantes, com a agravante de termos o trabalho de andar com a roupa de cama às costas, de nem sempre a higiene estar assegurada entre inquilinos e correr o risco de ser burlado.
À estadia, tem de se somar a deslocação (gasóleo e portagens no mínimo), as refeições (e aí depende das escolhas de cada um, mas é sempre um custo elevado), isto e aquilo.
Fica mais barato ir para o estrangeiro do que ficar em Portugal.
Ou se tem sorte de arranjar pechinchas ou promoções, ou para o português de média baixa classe, é impossível.
Para concluir, hoje ao ler esta notícia do Observador (na verdade é um re-post da Lusa) que nos diz que o Algarve, é a região do país com salários mais baixos leva-me a duas questões: i) será uma questão de média com rendimentos elevados no Verão e muito baixos no Inverno; ii) serão mesmo os baixos salários da hotelaria e restauração mesmo com os preços absurdos que praticam?
Na semana passada, no trabalho, tive uns colegas estrangeiros e chefias que vieram a Portugal. Tivemos que fazer as refeições com eles.
Fomos desde um hipermercado até restaurantes de topo no Porto, passando pelo "menu do dia" e pelo shopping. No fim, há sempre aquela curiosidade em saber se gostaram do país e como o vêm. Naturalmente que não esperamos que digam críticas aos nativos, mas ... também gostamos de saber o que valorizam.
-clima
-segurança
-boa comida
-bons preços
Adoram vir ao país. É claro que os preços "bons" estão adequados aos salários "baixos".
Uma coisa é visitar, outra são as condições de vida com os salários praticados.
PS: Pediram à minha equipa para escolher um bom restaurante no Porto para irmos todos juntos. São aqueles restaurante "trend" onde por minha iniciativa, nunca iria por ser desajustado em termos de preço e só vou em contexto de trabalho (valorizo outras coisas, como sabem).
Na marcação, pediram os dados do cartão de crédito com um valor mínimo de 35 €/pessoa. Honestamente acho bem criar este compromisso no cliente.
Depois do jantar, no talão conta uma sugestão de gorjeta e logo 6% (nem sequer era arredondamento). Já não basta ser um restaurante com preços elevados ainda querem ir buscar mais aos turistas seguindo a cultura de outros países. Espero que a moda não pegue, porque quando dou gorjeta é porque quero e não porque sou "obrigado" e muito menos com um valor pré estabelecido. E atenção que estou a falar de um restaurante onde os preços são muito elevados e dá margem e mais que margem para pagar bons salários. Não fui eu quem pagou, mas ... era menino para pedir para tirar essa linha. Não gosto desses abusos.
2022 talvez tenha sido o ano onde tive mais falta de vontade de escrever no blog.
Poder-me-ia desculpar com a falta de tempo, mas não seria totalmente verdadeiro. Se é verdade que com o levantamento das restrições do covid e regresso à normalidade, o tempo passado no computador foi menos, também houve outro fator para me ter afastado deste espaço.
Tenho notado a existência de algumas pessoas que, ora assinando, ora em anónimo, vêm cá comentar apenas para criticar. Não têm opinião sobre nada, nem acrescentam valor. Não me conhecem de lado nenhum.
Lêem um post, criam uma ideia e volta e meia lançam o seu fel. Palavras como "você põe-se a jeito" ou "você que se diz inteligente " ou "você não é livre de fazer no seu blog o que entender" acabam por tornar um hobby numa guerra suja de comentários de redes sociais.
Chegam ao cúmulo de responder a outros comentários apenas para desvalorizar.
Não quero isso nem preciso deste bullying na minha vida.
Para 2023, quero voltar a escrever com assiduidade, mas vou fazer uma coisa que nunca pensei fazer: moderar os comentários. Podem-me acusar de fraco, de excesso de sensibilidade, mas sendo o "meu" blog, ainda tenho essa possibilidade.
6ª feira tive a tarde de férias. Aproveitei para ir à cidade levantar uma encomenda online na loja física. Ao descer a rua, vi castanhas assadas à venda. 3 euros a dúzia. Comprei um cartuxo mantendo a boa tradição.
Fui até à praia. No caminho, um mendigo aborda-me a pedir dinheiro para "uma sopa".
Desconfio sempre destes pedidos. Será fome? Ou será para droga?
Ofereci o que tinha à mão: castanhas.
Bastante nutritivas e que durante anos mataram a fome a muitos dos nossos antepassados. Recusou e disse que queria dinheiro para a sopa.
Não lhe dei nada e segui a minha vida, acentuando as minhas reservas nos peditórios ...
Se há tema controverso é o do assédio.
Esta semana, vi que um professor foi expulso da FEP devido a acusações de xenofobia, assédio, .... Conheci-o, foi professor, não tenho nenhuma história para contar, mas surpreendeu-me algumas acusações. Os exemplos dados pareceram-me mais graçolas sem piada do que propriamente assédio e quem conhece os corredores universitários sabe que há jogos de poder. E nesses jogos, uma gota transforma-se num oceano com gente ressabiada se for para ajustar contas do passado. Sobretudo quando este foi candidato a alguns órgãos de faculdade afrontando alguns catedráticos.
Já agora, gostava de saber se os mesmos alunos de jornalismo que se queixaram, também fizeram queixa à ERC pelo programa da TVI pelo programa "Roast" com graçolas racistas ainda piores... Ah, a TVI é futura empregadora desses mesmos queixosos...
E leva-me a perguntar o que é o assédio?
Diz o dicionário "perseguir com insistência, molestar, importunar" . Um dos posts com mais visitas no meu blog é um onde reflito se olhar para uma pessoa do sexo oposto é assédio. A resposta é sempre subjetiva e é sempre, depende! Depende se importuna ou não.
Se queremos levar o assunto a sério, não podemos banalizar e não podemos dizer que um homem olhar para as formas de uma rapariga é assédio só porque sim. Ou vice versa. Depende de como a outra pessoa vê se olhar e quão intruso pode ser.
Na Faculdade de Direito de Lisboa, denúncias foram feitas, umas mais graves que outras. As pessoas têm o direito de se sentir importunadas com mensagens privadas de professores com segundas intenções. Bem como têm o direito de se sentir assediadas quando há insinuações sexuais de um professor para aprovar uma aluna.
Até porque há um desequilibro de poder: o professor avalia os alunos e pode reprová-los. Quanto aos arquivamentos de processos, não me surpreende muito por uma razão: há interesses entre professores na obtenção de apoios a eleições e promoções na carreira.
Matosinhos, Entroncamento, Arcos de Valdevez e Torres Novas. Quatro concelhos onde houve denúncias (via pais e via vídeos) de violências nas escolas de bullying.
Aqui há tempos, num blog, alguém dizia que "bullying" é o estrangeirismo e a forma moderna de se dizer "andar à porrada" na escola. Na altura, contestei. Bullying é muito mais que levar porrada. E é essa negligência e desvalorização que leva a suicídios, traumas e perturbações macabras como a que assistimos nas últimas horas.
Bullying é a violência física, verbal, psicológica e cibernética em quem um elemento mais forte se impõe a outro.
Nisto, chateia-me o silêncio das direções escolares. Em vez de darem o exemplo, condenarem os casos, defenderem os mais fracos e promoverem o fim deste flagelo, preferem o silêncio. O silêncio é proteger o agressor. O silêncio é contribuir para que haja impunidade. O silêncio é evitar casos futuros.
Nos Arcos de Valdevez, uma pessoa de 15 anos atirou um paralelo à cabeça de outra pessoa da mesma idade. 15 anos! Não estamos a falar de crianças. Já sabem o que fazem, têm idade para ter juízo e responsabilizados.
Estes dias contava-me uma amiga professora que teve um colega professor que denunciou um caso às autoridades e que a direção da escola tentou abafar. No fim do ano letivo, de vigança essa mesma direção não lhe renovou contrato e só lhe faltava um ano para se tornar efetivo. Mais uma vez, o país de gente pequena que se aproveita e se vinga dos mais fracos.
Realmente, este pós covid é de mudanças abismais.
Já o disse e repito a constatação: acabamos bem pior da pandemia do que aquilo que começamos.
Nos últimos dias, muitos casos de violência foram denunciados (desde vários casos de bullying, ajudados pelo abafamento cúmplice de direções escolares até à violência doméstica quer em casas anónimas com mais mulheres mortas, quer em programas de televisões).
Por outro lado, assistimos a um jogo perigoso na Ucrânia com mais uma guerra à vista na Europa. Não tenho memória de ver o continente em guerra (na da Bósnia era uma criança), mas sei que não leva a lado nenhum. Pelo contrário. Gera violência, destruição, pobreza e dor. Os mais fracos são os maiores perdedores.
Neste caso, assistimos a mais um motivo fútil. Existem bons motivos para haver guerra? Talvez... mas neste caso um sonho imperialista de Putin, com a cobertura da China. Até Bolsonaro dá o ar de sua graça ao viajar para a Rússia com vista a negociar ... fertilizantes para a agricultura brasileira, conhecida com o "celeiro do mundo".
Como em tudo na vida, há um preço. Se a Rússia tem o seu sonho do império soviético e o gás natural a favor, tem também uma dependência de importações dos parceiros europeus que a podem deixar em maus lençóis. Nesta pandemia e nos dias que correm, há algo que está a vir de cima - a especialização das economias e a dependência das importações trazem paralisações económicas e sociais quando os transportes falham ou quando o fornecedor dominante aumenta os preços.
Veremos o que os próximos dias reserva.
Há coisas que me chocam e que não me deixam indiferente.
Quando Joe Biden deixou o Afeganistão entregue ao anteriores lideres talibans, temi o pior para o povo daquele país. Infelizmente confirmou-se.
Os atropelos dos direitos humanos, a perseguição às minorias, a limitação dos direitos das mulheres e crianças e as práticas medievais voltaram, havendo um retrocesso geracional surreal.
Esta semana passou uma reportagem em que um pai se deixou filmar ao vender a sua filha de 9 anos a um homem de 50 para se casarem. A criança estava em lágrimas. E isto faz-nos pensar. Não raras vezes estamos tão focados em pormenores que não levam a lado nenhum, quando ao nosso lado são cometidas atrocidades.
O pior é mesmo a ausência de esperança e otimismo para este povo.
No dia 4 de Fevereiro, usei o título mais agressivo desde que me lembro no blog: "Vergonha na ordem da vacinação".
Hoje, dois meses depois foi divulgado o relatório que analisou possíveis inconformidades na ordem de vacinação e a "vergonha" confirmou-se: 62% das entidades cometeram ilegalidades!! Repito 62%!
Surpresa? Nenhuma.
O egoísmo do ser humano veio ao cima
Se há casos discutíveis com sobras de vacinas que até são compreensíveis, outros não são. E isto foi em Portugal, não foi na quinta de Donald Trump nem de Bolsonaro.
Casos como a presidente da Câmara que é "voluntária" no hospital, ou a filha do diretor que também "voluntária" (que oportuno fazer voluntariado em tempos em que as pessoas têm de estar confinadas"), ou o marido da diretora que coincidentemente apareceu à porta do Centro de Saúde ou o presidente da Câmara que só por ser presidente do Lar se achou no direito de tomar a vacina.
Para estes "voluntários", seria interessante verificar as picagens de entrada no último ano para atestar e veracidade e se estiver a mentir, cumprir pena judicial. Mas isso dá trabalho e vai contra os interesses.
Há quem ataque os media, há quem ache que viemos melhor da pandemia. Está aqui a prova que viemos mais egocêntricos e a pensar no nosso umbigo. Eu, como a maioria dos portugueses comuns e sem cunha, continuamos à espera da nossa vez
PS: Coloco novamente esta foto novamente da Quinta das Lágrimas. É adequada!
Tenho tentado abstrair-me das notícias (seguindo até as sugestões de algumas pessoas da blogosfera), mas não posso deixar em claro a vergonha que sinto com todos aqueles que tentam passar à frente dos outros na vacinação. Servem-se cunha, de amizades, de influência e não há punição.
Parece um país anárquico, que é tal e qual como os vícios que nos pintam.
Havia quem achasse que vínhamos melhores pessoas deste confinamento.
Não, não viemos.
Já o tinha escrito quando houve as manifestações racistas e extremistas e agora está outro caso.
Olhamos para 1º eu, 2º eu, 3º eu. Vamo-nos servir do amigo médico para passarmos à frente dos outros. Afinal, o que é que pode acontecer ? Nada, como se vê.
Provavelmente irei ser dos últimos a ser vacinado, na minha vez. Sou saudável, jovem, não tenho cunhas nem tenho influência económica e ainda por cima em teletrabalho.
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