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Li que algumas empresas assinaram um pacto relativo ao emprego jovem. Basicamente duas mensagens: contratar mais jovens e integração nos quadros.
Teorias e palavras bonitas, há muitas, mas é preciso concretizar...
Comecei a trabalhar numa empresa de referência em auditoria, já o disse, onde 90% dos trabalhadores tinham menos de 30 anos. Recorrentemente, vejo essa empresas e outras concorrentes lançarem comunicados para os jornais económicos anunciando que vão contratar centenas de pessoas por ano. Não pagavam mal para recém licenciados e as funções eram boas. O problema era a qualidade do trabalho: péssimos horários, muitas horas extra não pagas (escondidas pelo subsídio de "isenção do horário" - o meu salário/hora real era muito abaixo do mínimo - eu fiz a conta), muita pressão e um péssimo equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Por essa razão, ninguém lá pára.
Nessa mesma altura, o primeiro ministro de Portugal escorraçou os jovens licenciados para a emigração. E muitos assim o fizeram. Hoje pagamos a fatura sem médicos, sem enfermeiros e com o nosso investimento em formação a ir para outros países.
Mais do que promessas e de integração nos quadros, aquilo que se pede são melhores salários e melhores condições de trabalho, menos precários, horários decentes e um sistema tributário mais justo. Não só com jovens mas com os "adultos". Um partido denunciou a tirania do sistema fiscal na campanha das eleições legislativas que comia os aumentos salariais em IRS. Para distribuir milhões aos administradores da TAP há dinheiro, mas para dar mais 20 ou 30 € líquidos ao trabalhador, já não há orçamento.
Na lista das empresas signatárias, surpreendeu-me ver a RTP, quando a maior queixa que fazem é a da precariedade dos seus jornalistas. Ora, é um contrasenso, um dos piores empregadores vir assinar promessas dessas, quando não deveria mais que cumprir a sua obrigação ética.
Tive curiosidade e fui ouvir o podcast do Miguel Milhão.
Não pela sua opinião em relação ao aborto. Honestamente acho que ele é livre de ter a sua opinião, tal como eu tenho a minha. Achei exagerada a atitude de algumas pessoas quebraram acordos comerciais só porque o homem é a favor do aborto.
O que me levou então a querer ouvi-lo?
O facto de ter uma das mais bem sucedidas e internacionais empresas portuguesas com marca própria. Tive curiosidade em ouvir o que tinha para dizer porque admiro o crescimento da Prozis.
O resultado foi uma enorme desilusão.
A começar pelo nome brejeiro do podcast (ou monólogo). Que necessidade há em colocar palavrões no título?
Ao ouvi-lo parecia que estava a ouvir o tradicional patrão português: erros gramaticais, palavrões, sem contraditório e aquela desvalorização do que é português. Quando diz que não precisa de Portugal e que nos EUA é que é bom, para mim é arrogância.
A Prozis esteve sediada na Zona Franca da Madeira com um regime fiscal muito benéfico (não percebo como cumpriu os requisitos). Com sorte ainda tem elevados benefícios fiscais (Sifides, interioridade, primeiro emprego) e ao ter as suas fábricas cá ainda paga salários mais baixos do que se fosse na América. Além disso, tem pouca concorrência no país. Não gosto destas pessoas que quando sobem mais um pouco, desvalorizam o que a sustenta e as levou ao sucesso.
Engraçado que quando vamos ao Portal da Queixa, lemos que há clientes que se queixam de censura das reviews que fazem no site quando são críticas. Faz sentido com esta liderança.
Depois questiono-me como será reportar, ser liderado e reportar a uma pessoa assim? Discutir decisões com ela, propor alterações, ...
Fico triste com estes novos lideres. Uma geração com produtos diferenciados, com redes sociais, um manancial de informação, mas cuja mentalidade permanece nos anos 70.
Não sou cliente da Prozis, admiro o crescimento da empresa, mas fico triste com esta mentalidade tacanha.
Em 2022, pós pandemia, com uma guerra a rebentar e o mercado de trabalho em ebulição (até ver...), discute-se a semana de trabalho de 4 dias.
Ora, um dos problemas em Portugal e que ajuda a justificar os baixos salários é a reduzida produtividade. Se se vai reduzir a semana de trabalho em mais um dia, corre-se o risco de ficarmos menos competitivos, os salários não aumentarem (e atenção que o salário mínimo está cada vez mais próximo do salario médio) e haver uma fuga das empresas melhor pagadoras para outras paragens.
Há quem defenda que ao reduzir-se o nº dias de trabalho se torne mais produtivo nos outros dias, tornando-se neutral o efeito. Honestamente não acredito. Pode acontecer nos primeiros 2 ou 3 meses, mas depois a motivação inicial esvai-se.
Já vi uma empresa a dar a tarde 6ª feira se o trabalhador ficasse mais uma hora nos outros dias.
Já que se fala em trabalho, o presidente (CEO) da Tesla criticou fortemente o teletrabalho. Não podia estar em mais desacordo.
Há de tudo: quem se dê bem com o teletrabalho e seja produtivo, como há quem preguice e não interaja.
Acredito que como em tudo na vida, no meio está a virtude. Felizmente, na minha empresa pude optar pelo regime flexível.
Estes dias um anónimo comentava aqui no blog que "Os trabalhadores que ficam em casa são os mais bem pagos em Portugal porque criam valor e tem skills muito procuradas." Não é verdade, mas presunção e água benta cada um toma a que quer.
Tem coisas boas e coisas más. Falo por experiência própria: o teletrabalho tem vantagens como a conveniência e a poupança de tempo e dinheiro. Tem desvantagens como a falta de socialização e quebra do ambiente de equipa (sobretudo para quem está a começar).
emA minha empresa deu flexibilidade aos colaboradores para adotarem um de três modelos: presencial, teletrabalho ou híbrido. Optei pelo híbrido.
O que seria uma medida de liberdade, acabou também por se revelar motivo de mau-estar entre as diferentes equipas. Uns colaboradores a puxarem pela normalização do ambiente presencial e outros que só vão ao escritório quando lhes convém serem vistos (e a pouparem nas deslocações mas com aumentos salariais semelhantes)... Adiante...
Quando achava que me tinha livrado do teletrabalho obrigatório, e já estava a ter um clima de normalização, eis que este aumento enorme dos custos com combustível nos está a fazer ponderar o nº de idas ao escritório por semana. Felizmente tenho a possibilidade de teletrabalho e posso ficar em casa, mas acho que vou ter de ficar mais vezes por opção.
Prefiro trabalhar no escritório porque a rede é mais rápida, por questões emocionais de sair fora das quatro paredes e por questões sociais: estar com os colegas e criar dinâmicas na equipa. De vez em quando sabe bem ficar por casa: não temos o desgaste das viagens e temos flexibilidade nos horários.
Esta inflação vai fazer com que fique mais vezes por casa porque daqui a pouco estaremos a pagar para trabalhar.
E quem não tem essa possibilidade? Sem aumentos salariais, ou mete baixa ou corta no resto, gerando-se a bola de neve.
O termo Multitasking é a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Há quem diga que as mulheres estão muito mais aptas a fazÊ-lo que os homens. Da minha experiência social, concordo.
Falando de mim, eu sou o clássico "homem" para quem fazer duas coisas ao mesmo tempo me gera stress e desconcentração. Não resulto.
Com a pandemia e o teletrabalho, comecei a ser confrontado com uma realidade que não tinha experimentado com tanta intensidade até então: reuniões online a toda a hora para tudo e mais qualquer coisa. A consequência acaba por ser inevitável. Atrás do ecrã começamos a fazer várias coisas ao mesmo tempo: ouvir e participar nas reuniões e ao mesmo tempo fazer as nossas tarefas, responder a email e a mensagens.
Como tenha essa dificuldade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, já me aconteceu nem fazer uma coisa bem nem outra.
Na vida doméstica, a mesma coisa.
Quando estou a cozinhar não gosto de estar a falar ao telemovel porque ou a comida sai mal, ou não oiço a chamada com atenção.
No vida social, uma coisa que me faz impressão é quando estamos a falar com alguém e essa pessoa está a ver o telemóvel e a passar as fotografias das redes sociais. Apesar das pessoas dizerem que estão a ouvir e em multitasking, acho um pouco falta de respeito para com os outros. Ainda estes dias chamei a minha irmã a atenção.
Sentem essa dificuldade?
Nestes últimos dias tenho continuado às voltas com um recrutamento para a minha equipa no trabalho. Desta vez aprovaram um estágio para recém licenciado/mestrado.
Costumo fazer a pergunta clichê dos pontos fortes e de melhoria. Tendo em conta que estava a perguntar a miúdos de 21/ 22 anos (da geração 2000 ) estava curioso para saber.
Em 4 entrevistas, 4 respostas iguais no ponto de melhoria: a ansiedade.
É curioso porque mais jovens não deveriam estar tão preocupados nem pressionados.
Não sei se é geracional, se é de terem apanhado a pandemia na licenciatura ou se é resposta que o gabinetes de apoio ao aluno/sites de dicas de entrevistas sugerem dar.
Têm contacto com miúdos destas idade?
Aos poucos começamos a regressar à normalidade.
Vou partilhar o que tenho visto nos últimos dias. Tenho verificado duas diferentes reações.
Na 6ª feira, de 120 pessoas, no trabalho, estavam fisicamente 8. Apesar de ainda estar previsto o teletrabalho, como era encerramento do mês de Abril, a Empresa deu a possibilidade de quem quisesse voluntariamente ir às instalações. Praticamente ninguém foi. Apesar da rede ser mais lenta em casa, se perderam dinâmicas de equipa, as pessoas parecem valorizar a poupança no combustível e o comodismo.
Algumas usam a desculpa de que vivem com os pais, têm medo, etc - honestamente parece-me o argumento que dá jeito. (Para quem tem funções mais individuais, até me parece bem continuar quem quiser em trabalho remoto).
Eu regressei logo mal pude, para criar rotinas e notei logo que consegui desligar mais cedo e deixar o computador no escritório. Podem não acreditar, mas ou é pela rede, ou pela falta de compromissos, mas trabalho muito mais horas e tenho mais dificuldade em me desligar em casa do que no escritório! Esta semana elucidou-me a conclusão acumulada de um ano.
No sábado, fui com o meu pai e a minha irmã jantar fora. Chegamos às 19h45m e já estava o restaurante lotado (e não é propriamente pequeno). Queríamos matar saudades de uma francesinha seis meses depois, enquanto fazíamos horas passamos na zona dos bares da praia de Espinho. O que vi? Imensa gente acotovelada, a falar umas em cima das outras sem máscara e nem sequer estava nortada a justificar as pessoas a protegerem-se do vento.
Na volta, os principais restaurantes estavam cheios incluindo os mais careiros de marisco. Estava bom tempo, início do mês, mas mesmo assim, não vi crise.
Conclusão: há pessoas que continuam receosas, mas muitas estão acomodadas para o que lhes convém, com cada vez menos perceção do risco e vejo pouca crise.
PS: No regresso a casa na 6ªf, apanhei imenso trânsito. No regresso à normalidade, verifiquei que nada foi feito pelos Institutos e organismos que regulamentam o mesmo no sentido de o melhorar...
Nestas últimas semanas estive envolvido numa nova experiência profissional: fazer uma entrevista de recrutamento.
A passagem para o "outro lado", do recrutador, traz sentimentos diferentes.
Realizei apenas 3 entrevistas. Tive de conduzir e fazer a triagem para a última fase, com a minha chefia direta.
Os RH na minha empresa fazem o primeiro contacto e filtram logo os perfis que interessam.
À partida procurei preprar-me bem para a entrevista, analisando cuidadosamente os CV's preparando uma lista de perguntas à priori com aquilo que achei importante saber. Nas três, pedi a alguém da equipa para estar comigo de modo a ter mais uma opinião e também me ajudar na triagem.
No início da entrevista, tive sempre o cuidado de agradecer a disponibilidade da pessoa em estar a presente e fazer um enquadramento da função e do estado do departamento o mais fidedigno possível. Apesar de serem pessoas mais novas nunca tratei por "tu", optei sempre o pelo nome próprio.
Ao longo das conversas, procurei não ser muito intrusivo na componente pessoal, indo mais pela parte técnica de modo a perceber se era o perfil que procurava. Apercebi-me também da importância das perguntas clichê das entrevistas mas que para determinados perfis fazia todo o sentido ("Quais os pontos fortes? Os pontos de melhoria? Como vê a mudança? Onde se imagina daqui a 5 anos?). As respostas a estas perguntas clássicas ajudam muito a definir se é o tipo de perfil que procuramos.
A pergunta sempre essencial foi o que leva a pessoa a mudar e que o motivou ao ler a descrição das funções.
Porém, o maior sentimento que tive foi o da responsabilidade. No espaço de uma hora, tentar perceber o perfil e ter a responsabilidade de fazer uma escolha que terá consequências, que pode ser um bom ou um mau perfil, que pode ou não adequar-se à equipa e funções que temos.
O teletrabalho tornou-se obrigatório há um ano.
Não foi uma opção, foi uma obrigação legislativa. Com maior ou menor dificuldade, tivemos que nos adaptar. Já o disse e repito, abdicava dele. O facto do local de trabalho ser exatamente o mesmo do de lazer gera-me desconforto e dificulta a dificuldade em desligar, aind apor cima de Inverno que anoitece mais cedo e temos menos sensibilidade.
É bom de vez e quando mas estar há doze meses nisto, não é nada bom.
Porém, apenas um ano depois ... é que os nossos partidos se lembraram de legislar e apenas um tem falado disso, o que atesta a (não) proximidade dos governantes e classe política dos problemas reais da população.
Vamos por partes:
- Uma das iniciativas em cima da mesa é a entidade patronal comparticipar algumas despesas fixas.
Da minha experiência pessoal, ao nível da conta da Internet não tive qualquer impacto. Pode estar um pouco mais lenta devido ao peso dos ficheiros, mas não tive qualquer custo adicional.
Ao nível da eletricidade, senti diferença em Janeiro. Foi a primeira vez em 32 anos que senti quão fria é a casa dos meus pais no Inverno. Naquelas duas semanas de vagas de frio, sempre em casa e sentado, ligar o aquecedor tornou-se inevitável. A conta no mês de Fevereiro foi mais elevada que o habitual e contribuí com o excesso no pagamento, claro.
É um facto: se estivesse na empresa não teria esse custo adicional.
E verdade seja dita, tirando esse mês, não é a tomada do portátil nem a luz ao fim do dia que fazem pagar mais.
- Direito/dificuldade em desligar
Tornou-se mais difícil. Senti isso mais no Inverno. A falta de rotina e de compromissos por estar tudo confinado, não ajuda.
- Por outro lado, há algumas poupança como o transportes (seja passes ou combustíveis). Ao nível de roupa, não tenho comprado nada. Em 2020 comprei duas peças e em 2021 nada. Ando a "romper" roupa velha e calças de fatos de treino.
- Uma das raínhas do comentário televisivo e avenças, lançou uma linguagem preconceituosa apelidando de "burguês" quem está em teletrabalho com uma teoria manhosa de pagar (ainda) mais impostos. O teletrabalho, repito, não é uma opção. É obrigação. Quem não cumprir pode ser multado. Se por um lado se poupa nalgumas coisas, gasta-se noutras.
- Por fim, fala na dificuldade de estabelecer relações com os colegas de trabalho. Estamos mais isolados e perdem-se laços.
Em Abril, fiz uma reflexão sobre como estava a correr o teletrabalho.
Desta vez, o teletrabalho e respetivo confinamento estão-me a custar mais do que o primeiro em Março/Abril.
Penso que existem duas causas para este desânimo:
i) os dias anoitecem mais cedo
A partir das 17h30 já é noite fechada. Com o frio e o vento, já não conseguimos fazer quase nada ao ar livre.
Estamos o dia todo em casa e temos que continuar em casa. Ir ao jardim e o passeio higiénico é muito limitado.
ii) a falta de esperança
Da outra vez, falava-se no planalto e foram dois meses e meio (meados de Março até Maio).
Agora, não há perspetivas do confinamento acabar. Está-se a tentar salvar o Natal, mas para depois estou pessimista!
Além dos convívios familiares, há a questão do frio de Janeiro mais propícia a constipações.
Pode ser só de mim, mas já começo a sentir os efeitos negativos do teletrabalho: não vemos os nossos colegas, não falamos uns com os outros da mesma forma. A interação é muito mais restrita.Tudo é virtual, não saímos de casa, o local de lazer é o de trabalho (casa).
Enfim, se é verdade que se mitigam contágios, poupa-se no combustível, também que tanto tempo psicologica e socialmente não acho bom.
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