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Este livro foi-me emprestado por uma amiga das corridas depois de irmos a falar na Quinta dos Animais do mesmo autor durante o treino.
1984 é um romance numa sociedade/país imaginário que vive sob a opressão de um partido único e que controla a vida ao mais ínfimo pormenor da sua população. Esta distopia baseia-se na vida de um funcionário público, entenda-se do Governo único da sociedade, que tem o "Grande Irmão" a vigiá-lo em todos os seus atos e pensamentos.
Entre as suas funções, contam-se por exemplo: o reescrever da história ou das notícias dando conta que as estatísticas de previsão da produção económica do Governo estavam sempre certas; a revisão constante de dicionários com a introdução de novas palavras e mudança de significado consoante os apetites do Presidente; a censaura; a manipulação das notícias da guerra imperialista em que a sua nação está sempre a vencer ou por cima do adversári e o apagar das estatísticas o nome dos opositores políticos como se "nunca tivessem existido".
O nome dos ministérios do Governo são um eufemismo, por exemplo o Ministério do Amor ou Ministério da Memória, mostrando que o Partido único se preocupa com o bem da sociedade e que sem ele, ela não funcionaria.
A subversão do pensamento, primazia da tirania e da ignorância, porque o conhecimento promove a mudança, continua mais atual que nunca.
Toda a narrativa se baseia no sentido figurativo onde conseguimos identificar facilmente os regimes totalitários (de esquerda e direita) vigentes na Europa do Século XX.
Um livro um pouco pesado pelas suas descrições sobretudo na parte final com a descrição das agressões físicas na prisão da personagem, mas inteligentemente bem escrito.
Que livro bom de ler - "A Criada" - um leitura leve, fácil e rápida, ora não fosse uma história de ação com um mistério por desvendar.
Fugiu ao cliché de um haver um assassino e de se ter de esperar pelo fim para descobrir quem matou a personagem das primeiras páginas.
Embora um pouco fantasioso, há mistério, curiosidade e uma história viciante para tempos livres.
A narrativa começa com a contratação de uma empregada doméstica interna que começa a relatar a relação disfuncional e de aparências dos patrões e, claro, que se envolve com o homem casado. O mistério começa sobre a aparente permissividade da patroa e desenrola-se com uma história criativa da autora.
A escolha de leitura nestas férias recaiu sobre uma autora que já tinha lido e gostado: Paula Hawkins.
A minha irmã emprestou-me o "Um fogo lento".
Ao fim das primeiras 3 páginas dei por mim a ter um deja vu da "A rapariga do comboio" que já tinha lido. E assim foi até ao fim. Uma história ligeira, com um crime e descrição de personagens com a qual conseguimos identificar na realidade. A escrita é simples, mas achei mais do mesmo.
Parecia uma cópia do livro anterior - o mesmo enredo, a personagem toxicodependente esquecida e que baralha o discurso, o que leva a questionar se a autora não consegue sair do mesmo registo.
Uma última nota: tal como na Rapariga do Combooio, a personagem disfuncional mente polícia e usa palavrões com as autoridades (haverá mesmo necessidade disso?).
Sinopse:
Um homem é encontrado brutalmente assassinado em Londres, dentro de um barco, o que levanta uma série de questões sobre três mulheres que o conheciam. Laura é a jovem problemática que foi vista pela última vez com a vítima. Carla é a tia inconsolável, ainda de luto por outro familiar falecido pouco tempo antes. E Miriam é a vizinha bisbilhoteira que encontrou o corpo coberto de sangue, mas que claramente esconde segredos da polícia. Três mulheres com ligações distintas a este homem. Três mulheres consumidas pelo ressentimento que estão ansiosas por se vingarem do mal que lhes foi infligido. E, quando toca a vingança, mesmo as melhores pessoas são capazes dos atos mais terríveis. Até onde irão estas mulheres para encontrar a paz de espírito? E durante quanto tempo podem os segredos arder em fogo lento antes de irromperem em chamas descontroladas?
Começo por agradecer a cortesia e simpatia do José da Xã em oferecer o seu livro Quatro desafios de escrita!
Um livro de leitura rápida, com quatro desafios muito criativos, bem escritos e com a particularidade: os nomes pouco comuns das personagens.
Retive uma delas: o Elizário. Como diz a Isabel Silva na contracapa, fica a curiosidade para saber mais da história deste homem, com um percurso de vida muito curioso ligado à migração dos anos 50 e 60 e do subdesenvolvimento das ilhas nessa altura. É uma personagem muito rica, original e pouco comum na escrita portuguesa. Fica uma sugestão ao nosso amigo para futuros desafios.
O quarto capítulo do livro consiste em contar histórias de duas páginas com base em nomes de quadros famosos na pintura mundial. Mais uma vez, o José traz-nos a sua inteligência e boas narrativas acessíveis para qualquer idade.
Por mero acaso, comentei uma foto do Jogos de Raiva do Rodrigo Guedes Carvalho, onde referia que era um dos melhores livros que tinha lido ultimamente e que retratava a sociedade portuguesa da década de 20 dos anos 2000.
Sugeriram-me este livro, como sendo também marcante.
Não conhecia a autora, mas identifico-me mais quando são narrativas em Portugal, com a nossa cultura. A simplicidade da história cativa.
A personagem principal, Eliete, é uma mulher com 40 anos com uma vida rotineira, agente mobiliária em Cascais, com as filhas crescidas, um marido caseiro que gasta de caçar pokemons e um perfil do Facebook onde se entretem.
Escreve sem pudores da inveja que tem das melhores vendedoras da sua agência, escreve sem pudores que aparenta uma família feliz nas redes sociais para marcar pontos na agenda social e descreve sem pudores que vai ao Tinder engatar homens casados para contornar a rotina da sua vida sexual com sexual.
Ao introduzir estes temas tão contemporâneos, ou melhor anos 2015-2019 com personagens tão banais, que facilmente identificamos alguém conhecido, torna o livro muito curioso.
No livro, houve outra coisa que me tocou: relação entre avó e neta. Vemos o desprezo da mãe da personagem que abandona a sua mãe com Alzeimer, a dificuldade da neta em cuidar e trazer a sua avó para casa e o dilema de lhe escolher um "bom" lar.
Se acho o livro brilhante. não acho. Se cria suspense, também não. Se é excitante, não, mas é uma escrita simples, portuguesa e um retrato da influência das redes sociais na vida das pessoas comuns.
Estas férias li "A casa dos espíritos" de Isabel Allende e que ótima escolha.
Já tinha este livro há vários anos aqui em casa, ainda do tempo em que as revistas/jornais distribuíam livros como brindes. Este é de 2008 e faz parte da Biblioteca Sábado. Ao fim de catorze anos, li-o e só me arrependo de não o ter lido antes.
Lançado em 1982, conta a evolução social de uma família abastada do Chile. A personagem principal é um latifundiário e relata os tempos feudais, a implementação do comunismo e respetiva ditadura de esquerda. Isabel Allende escreve pelo olho das diferentes personagens desde homens, mulheres, agricultores e jovens revolucionários.
As vinganças pessoais na ditadura, a violência doméstica transversal a todas as classes sociais e o movimento socialista nos campos são alguns dos temas abordados.
Surpreendeu-me ter sido escrito ainda nos anos 80 e por uma mulher. Sem dúvida, uma excelente obra que me prendeu na última semana.
Este foi o primeiro livro que li de Miguel Sousa Tavares: Último olhar.
Um livro contemporâneo, de leitura fácil que (já) cria histórias com o covid.
Desenvolve e descreve o relato de um sobrevivente à Guerra Civil espanhola, o que passou num campo de concentração nazi, mas que não resiste ao covid, sendo infectado no lar de idosos onde vive. Envolve também uma jovem médica, que insatisfeita com o seu casamento monótono, trai o marido com outro médico italiano, que conheceu num congresso.
A leitura é rolante, interessante, mas achei demasiado previsível e repleta de clichés dos livros de hoje em dia.
Já há muitos livros no mercado a relatar o horror nazi nos campos de concentração e este é mais um, claro, que acaba em bem. Em vez de ser judeu, é comunista em Espanha. Por outro lado, e outro clichê previsível é o erotismo descrito a uma massagem tantrica com algumas páginas dedicadas ao tema. A novidade é a introdução do tema covid na narrativa.
Gostei, mas esperava mais criatividade de MST.
Em adolescente li o livro " A Pérola" numa das férias de Verão.
Escrito por John Steinbeck, em 1947, faz parte do Plano Nacional de Leitura. Um livro curto, de leitura fácil, conta a história de uma família humilde que se dedicava à apanha de pérolas no mar para sobreviver. Até ao dia em que apanhou uma pérola tão grande e valiosa que ninguém a queria comprar. A inveja e malvadez dos outros tornaram a sua vida num Inferno.
Lembrei-me desta história já com alguns anos ao ver as notícias de Cristiano Ronaldo. Quando era jovem e potente, todos o queriam mas poucos podia pagar-lhe. Hoje, com 37 anos, poucos o querem e pode ver-se em apuros para arranjar clube. Já vários clubes/treinadores o rejeitaram explicitamente em público. E não é só pelo salário ou condições ... não estou a ver Rúben Amorim ou Sérgio Conceição a "perder" o balneário porcausa da estrela.
A vida dá muitas voltas...
A Fundação Gulbenkian divulgou um estudo em que refere que 61% dos portugueses não leu um livro impresso em 2020 (ano da pandemia).
Não sei quão rigorosa é a amostra, mas não me surpreende a conclusão.
As razões podem ser várias, sendo uma delas seguramente o encerramento das bibliotecas públicas. Sou um defensor e utilizador deste equipamento público pois é um meio de ler livros de forma gratuita . Por incrível que pareço em pelo 2022, há ainda concelhos sem bibliotecas (Alzejur, Marvão, Terras de Bouro, Vila Viçosa e Calheta). Já aqui critiquei que na altura de alívio das restrições, a Biblioteca de Espinho mantinha-se encerrada ao sábado de manhã, horário que o comum trabalhador tem tempo para lá ir.
Por outro lado, há alguma falta de cultura de leitura, o contexto familiar e as dificuldades económicas. Um livro numa loja ronda os 15 € que se lê e depois vai para a estante ganhar pó (para esta desculpa, respondo com as bibliotecas).
A falta de leitura tem consequências no pensamento crítico e na capacidade de intervenção pública e cívica. Ajuda-nos não só escrever melhor, a enriquecer o nosso vocabulário, a nossa ortografia e a aumentar o nosso conhecimento. Isto numa era em que por tudo e por nada escrevemos nas redes sociais. Penso fazer falta pensar mais além, longe do curto prazo e numa perspectiva futura.
O último livro que li já faz algum tempo, foi nas férias e de Valter Hugo Mãe. Não sou o melhor exemplo e faço a minha mea culpa.
Nestes dias, li "A máquina de fazer espanhois" de Valter Hugo Mãe.
Aluguei este livro na biblioteca após uma sugestão da Andreia: um autor português com uma história portuguesa. O que me cativou? O protagonista ser um idoso enviado pela família para o lar após ter ficado viúvo.
O lar chama-se Casa Feliz Idade e toda a ação é relatada a partir da visão de um idoso "despachado" pela filha. Desde o dia em que chega, a negação inicial, o sentimento de abandono, de perda, de vitimização e as novas amizades que as pessoas são forçadas a ter. A história mostra que até para ser idoso é preciso ter sorte no lar que a família escolhe (e paga), nos auxiliares que se encontra e na ganância de quem o gere.
Assim, as personagens são os residentes do lar e as relações humanas que é possível construir na reta final da nossa vida, bem como as diferentes perspetivas dos utentes. Desde os que vêm como umas férias com os serviços de cuidado, os que vêm abandonados e os que são forçados.
Adicionalmente, é feito um exercício muito interessante de memória da personagem principal, quando pensando nas decisões mais importantes da sua vida, recorda o momento em que denunciou um dissidente à PIDE durante o Estado Novo.
Houve uma coisa que chamou a atenção neste livro: não haver travessões para diálogos nem letras maiúsculas no inicio das frases.
Não é comum, nem comercial e muito menos cinematográfico a escolha destas personagens e estes sítios tão esquecidos para uma história. Acaba por ser um livro de leitura portuguesa, forte mas bonita, sem traumas e que nos dá uma perspetiva que na correria do nosso dia a dia nem nos apercebemos. Só por isso já valeu a pena.
Review da Andreia aqui.
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