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6ª feira tive a tarde de férias. Aproveitei para ir à cidade levantar uma encomenda online na loja física. Ao descer a rua, vi castanhas assadas à venda. 3 euros a dúzia. Comprei um cartuxo mantendo a boa tradição.
Fui até à praia. No caminho, um mendigo aborda-me a pedir dinheiro para "uma sopa".
Desconfio sempre destes pedidos. Será fome? Ou será para droga?
Ofereci o que tinha à mão: castanhas.
Bastante nutritivas e que durante anos mataram a fome a muitos dos nossos antepassados. Recusou e disse que queria dinheiro para a sopa.
Não lhe dei nada e segui a minha vida, acentuando as minhas reservas nos peditórios ...
Texto publicado a 12 de Maio de 2020
A 14 de Maio de 2021, a opinião é a mesma.
Somos tão céleres a entrar a despiques nas redes sociais pela Cristina Ferreira, a entrar em manifestações por causas racistas dos Estados Unidos, mas tão passivos com a realidade nacional. Mesmo que nos saia do bolso
Os prémios do Novo Banco (2020)
Os prémios de desempenho atribuídos pelas empresas servem para premiar os funcionários mais competentes. Seja pelo atingimento de metas individuais ou pelas metas da empresas (geralmente vendas e resultados).
No caso do Novo Banco foram 2 Milhões a Administradores o que levanta indignação pelo facto de:
- o Banco estar a ser intervencionado com dinheiros públicos,
- estar semi privatizado (Lone Star),
- o atual contexto de privação de fontes de rendimentos de muita gente,
- o próprio banco ter prejuízos de 1.058 milhões de Euros (!!! - um poço sem fundo).
Mesmo com este montante a ser pago em 2022 e mediante certas condições - alguém acredito que eles não serão pagos?
Se os subsídios públicos já estavam contratualizados, a mim causa-me desconforto a dimensão dos prémios para a realidade portuguesa. Se pode haver mérito na execução de objetivos comerciais e métricas económico-financeiras, é imoral quando tantos portugueses estão em lay-off, desemprego e com corte de vencimentos, dar 2 Milhões de Euros de prémios com dinheiro dos impostos. Não sei quanto vai caber a cada um (entre executivos, não executivos e afins), mas pouco não será.
Parece um tacho onde todos comem e ganham, com o povo português a pagar. Não seria solidário pela Administração abdicar de parte desses prémios? Não diria da totalidade porque é justo que recebam pelos objetivos atingidos, mas valores razoáveis e morais.
Aos poucos começamos a regressar à normalidade.
Vou partilhar o que tenho visto nos últimos dias. Tenho verificado duas diferentes reações.
Na 6ª feira, de 120 pessoas, no trabalho, estavam fisicamente 8. Apesar de ainda estar previsto o teletrabalho, como era encerramento do mês de Abril, a Empresa deu a possibilidade de quem quisesse voluntariamente ir às instalações. Praticamente ninguém foi. Apesar da rede ser mais lenta em casa, se perderam dinâmicas de equipa, as pessoas parecem valorizar a poupança no combustível e o comodismo.
Algumas usam a desculpa de que vivem com os pais, têm medo, etc - honestamente parece-me o argumento que dá jeito. (Para quem tem funções mais individuais, até me parece bem continuar quem quiser em trabalho remoto).
Eu regressei logo mal pude, para criar rotinas e notei logo que consegui desligar mais cedo e deixar o computador no escritório. Podem não acreditar, mas ou é pela rede, ou pela falta de compromissos, mas trabalho muito mais horas e tenho mais dificuldade em me desligar em casa do que no escritório! Esta semana elucidou-me a conclusão acumulada de um ano.
No sábado, fui com o meu pai e a minha irmã jantar fora. Chegamos às 19h45m e já estava o restaurante lotado (e não é propriamente pequeno). Queríamos matar saudades de uma francesinha seis meses depois, enquanto fazíamos horas passamos na zona dos bares da praia de Espinho. O que vi? Imensa gente acotovelada, a falar umas em cima das outras sem máscara e nem sequer estava nortada a justificar as pessoas a protegerem-se do vento.
Na volta, os principais restaurantes estavam cheios incluindo os mais careiros de marisco. Estava bom tempo, início do mês, mas mesmo assim, não vi crise.
Conclusão: há pessoas que continuam receosas, mas muitas estão acomodadas para o que lhes convém, com cada vez menos perceção do risco e vejo pouca crise.
PS: No regresso a casa na 6ªf, apanhei imenso trânsito. No regresso à normalidade, verifiquei que nada foi feito pelos Institutos e organismos que regulamentam o mesmo no sentido de o melhorar...
Sabem aquelas coisas que toda a gente sabe que existem? Onde os direitos fundamentais são violados e se assobia para o lado? Onde se ameaçam os jornalistas que ousam denunciar?
Mais uma "bomba" que estourou a semana passada, mas a surpresa será só para o poder central e local. Refiro-me à escravatura existente nas estufas agrícolas do Sul do país.
Assim de repente lembro-me no último ano do abrigo ilegal de cães de Santo Tirso, lembro-me dos maus tratos nos lares, do (des)ordenamento do território e os incêndios, ... São elefantes na sala para os quais fechamos os olhos seja por inércia, seja por incapacidade, seja pelos poderes instalados, seja por não nos afetar diretamente.
No caso dos imigrantes ilegais nas explorações agrícolas, é assustador a passividade das autoridades quando se ouve falar em escravatura, mercado de negreiros e ilegalidade. Onde anda a ACT? E depois do COVID, vai mudar alguma coisa? Andamos sempre tão preocupados em alinhar nas manifestações (sem máscara) por causas antiracismo dos Estados Unidos (critiquei aqui) e depois com o que se passa em Portugal estamos quietinhos que nem uns ratos.
Pior, em Lisboa há um ano atrás até se andou a vandalizar estátuas de figuras históricas (critiquei aqui).
Acho a nossa sociedade de uma hipocrisia elevada. Para os maus tratos e mortes negligentes de idosos em lares, com funcionários mal formados, mal educados e negligentes, está tudo bem. Temos cada vez mais acesso à informação, mas somos cada vez mais carneiros atrás de modas.
No dia 4 de Fevereiro, usei o título mais agressivo desde que me lembro no blog: "Vergonha na ordem da vacinação".
Hoje, dois meses depois foi divulgado o relatório que analisou possíveis inconformidades na ordem de vacinação e a "vergonha" confirmou-se: 62% das entidades cometeram ilegalidades!! Repito 62%!
Surpresa? Nenhuma.
O egoísmo do ser humano veio ao cima
Se há casos discutíveis com sobras de vacinas que até são compreensíveis, outros não são. E isto foi em Portugal, não foi na quinta de Donald Trump nem de Bolsonaro.
Casos como a presidente da Câmara que é "voluntária" no hospital, ou a filha do diretor que também "voluntária" (que oportuno fazer voluntariado em tempos em que as pessoas têm de estar confinadas"), ou o marido da diretora que coincidentemente apareceu à porta do Centro de Saúde ou o presidente da Câmara que só por ser presidente do Lar se achou no direito de tomar a vacina.
Para estes "voluntários", seria interessante verificar as picagens de entrada no último ano para atestar e veracidade e se estiver a mentir, cumprir pena judicial. Mas isso dá trabalho e vai contra os interesses.
Há quem ataque os media, há quem ache que viemos melhor da pandemia. Está aqui a prova que viemos mais egocêntricos e a pensar no nosso umbigo. Eu, como a maioria dos portugueses comuns e sem cunha, continuamos à espera da nossa vez
PS: Coloco novamente esta foto novamente da Quinta das Lágrimas. É adequada!
- Depois do terramoto do caso José Sócrates e da escolha de juízes feita à medida, vemos agora que 10 deputados vão perder a imunidade parlamentar para serem julgados por darem moradas falsas ao Parlamento, recebendo ajudas de custo indevidas.
Num dos casos, o deputado ficou a viver em casa do irmão (sem despesas de arrendamento e afins), mas deu essa morada para receber ajudas de custo.
Se a isso, juntássemos os estudos de consultoria e pareces para tudo e mais alguma coisa, também haveria muito por onde levantar o tapete...
- Esta semana tive que tirar os dias de férias que faltavam de 2020.
Devido à pandemia, não arrisquei, fui turistar por Portugal. Aproveitei para fazer um passeio de Primavera pelas aldeias históricas da Beira Baixa. Em breve partilharei fotos e pormenores, mas por agora, partilho a dificuldade que é fazer fazer refeições fora de casa por estes dias. Se ao almoço, tem que se andar aos achados à procura de uma esplanada, ao jantar ainda é pior. As restrições por mais compreensíveis que sejam vieram abalar fortemente as economias locais e os pequenos negócios. Hoje, sábado, sem esplanadas e com o "take away" para quem anda a viajar das duas uma: i) ou anda com pratos e talheres atrás de si ou ii) não tem outro remédio senão recorrer às multinacionais de fast food, se as houver. Vontade de ajudar o pequeno comércio não falta, mas é uma dor de alma ver tudo fechado.
Alguém adivinha onde tirei esta foto?
- Parece que foi lançado um novo jornal. Marcadamente político, esperemos que seja um título que resista aos desafios. Porém, é mais um feito da capital e para a capital.
Tenho tentado abstrair-me das notícias (seguindo até as sugestões de algumas pessoas da blogosfera), mas não posso deixar em claro a vergonha que sinto com todos aqueles que tentam passar à frente dos outros na vacinação. Servem-se cunha, de amizades, de influência e não há punição.
Parece um país anárquico, que é tal e qual como os vícios que nos pintam.
Havia quem achasse que vínhamos melhores pessoas deste confinamento.
Não, não viemos.
Já o tinha escrito quando houve as manifestações racistas e extremistas e agora está outro caso.
Olhamos para 1º eu, 2º eu, 3º eu. Vamo-nos servir do amigo médico para passarmos à frente dos outros. Afinal, o que é que pode acontecer ? Nada, como se vê.
Provavelmente irei ser dos últimos a ser vacinado, na minha vez. Sou saudável, jovem, não tenho cunhas nem tenho influência económica e ainda por cima em teletrabalho.
Com o aparecimento da vacina, já se estava que ia ver o xico-espertismo saloio.
O presidente da CM de Reguengos de Monsaraz aproveitou-se de um dos múltiplos cargos públicos que ocupa para passar à frente do resto das pessoas e se vacinar antes do tempo aqui. Este cidadão ainda por cima, foi objeto de severas críticas e desleixo na gestão que fez do vírus precisamente do lar que preside e que resultou em várias mortes.
Punição? Nenhuma, dado continua aí a prevaricar ainda mais.
A desculpa é o cargo que ocupa no lar. É o presidente (não é o auxiliar/geriatra), como se isso fosse desculpa para infringir as regras... Não acredito que ele anda diaramente a frequentar as instalações e a visitar nem a cuidar dos velhinhos. Para quem achava que vínhamos melhores pessoas depois da pandemia, cá está mais um exemplo de que não viemos!
Este é o exemplo que fere a dignidade do nosso país: a impunidade, as influências e o xico espertismo.
Mais um péssimo exemplo da classe política. É isto que contribui para a abstenção e para o aparecimento dos "Chegas" desta vida.
Já que falamos dos vícios da nossa sociedade, no blog sempre condenei violência. Por essa razão, condeno o que fizeram ao candidato André Ventura em Setúbal. Independentemente de não partilhar com algumas ideias, não pode ser atacado da forma como foi. Não é um exemplo democrático. E já agora, se os mesmos indivíduos/grupos que atacaram Ventura, tivessem atacado MRS, a cobertura mediática de ignoração seria a mesma?
O que se passou na 3ª feira no jogo PSG- Basaksehir tem de ser falado e refletido.
O PSG (poderoso clube francês) abandonou o jogo em solidariedade a uma discriminação racista ao treinador adversário.
Podia ter ignorado e seguido o jogo.
Existem igualmente acusações de racismo proferido pelo adjunto aos árbitros romenos chamando-os de "ciganos". Tudo está errado!
Em Portugal, aconteceu um episódio racista em Guimarães, com Marega. Os da casa ignoraram, tal como o capitão da equipa caseira André André ("não me apercebi de nada"). O jogador afetado queria abandonar o jogo, mas inexplicavelmente não o deixaram, numa espécie de "tu és pago para jogar". Criaram-se campanhas com resultados duvidosos.
Um outro episódio foi passado na TVI num domingo à noite num programa chamado "roast" em que apelidaram de "macaco" um dos intervenientes de cor negra. A plateia riu-se. Eu mudei de imediato de canal e critiquei o programa aqui no blog. Dizem que é humor negro. Não é humor... É preconceito e grave!
Que valores queremos enquanto sociedade? Para passar aos mais novos?
Esta semana, houve coragem e determinação do PSG. Suspendeu-se o jogo! Esta decisão fez mais que muitas campanhas e hashtags. Foi em França e tem de se refletir.
Esperam-se consequências, mas já ser notícia em vez de ser ignorado e abafado já é um passo!
Hoje vou falar de 3 casos de ciclovias e como elas podem ser vistas.
Será sobre 3 cidades diferentes, de 3 cores políticas diferentes e não sou eleitor em nenhuma delas.
Ponto prévio: não sou urbanistas, nem arquiteto, mas procuro ver as coisas com bom senso.
Sou um defensor de ciclovias e equipamentos públicos que propiciem uma vida mais saudável, ativa e ecológica. Já o manifestei várias vezes e procuro fazer por isso.
Lisboa
Presidida pelo PS.
O caso que menos conheço, mas foi onde morreu uma jovem de 16 anos ao circular na ciclovia cumprindo todos os requisitos de segurança (avançou no sinal verde do semáforo). Deu-se pouca importância ao caso porque é o que convém.
Dá para refletir sobre até que ponto há a prevenção e informação necessária, bem como a localização das ciclovias. Será que colocá-las nas ruas mais movimentadas das cidades é a mais segura?
Porto
Presidida por um independente
Na 6ªf precisei de passar pela Rotunda da Boavista. Ao sair para o Bom Sucesso, surge do nada linhas contínuas e logo a seguir ao desvio e "camuflados" pelo trânsito uns pinos a marcar o começo de uma ciclovia. Andam-se uns 300 metros e acaba a ciclovia.
Como condutor, além da confusão ao sair da rotunda de várias faixas, esse bloqueio dá origem a acidentes, buzinadelas e insegurança.
Fiquei sem perceber a necessidade de colocar ali aquela faixa amarela sem ligação a lado nenhum. Parece uma ciclovia plantada do nada numa rua movimentada em que a segurança antes e depois não é assegurada apenas para constar nos boletins municipais.
Quem conhece a zona, sabe que na rua por trás da rotunda junto ao cemitério de Agramonte é muito mais tranquila e "ciclável".
Espinho
Presidida pelo PSD
Para fazer a obra de "regime" e inaugurá-la a tempo das eleições autárquicas, a Câmara decidiu abater todas as árvores da Rua 19, o já chamado "arbocídio" em nome de uma ciclovia. A notícia do Público é desgastante: "árvores colidem com ciclovia e Câmada manda arrancá-las".
Em 2020, isto aconteceu - ver aqui. Levou-me refletir: se queremos cidades mais verdes, qual o custo em termos de segurança, localização e sacrifícios que é preciso fazer para ter as ciclovias?
Até que ponto a sua localização é exequível para as pessoas circularem em segurança? Até que ponto faz sentido "plantar" no meio da cidade e do caos do trânsito ciclovias de poucos metros? Já morreu pelo menos uma pessoa? Em Espinho, custou a vida a dezenas de árvores saudáveis.
Até que ponto uma fita para cortar em véspera de eleições prevalece sobre o bom senso.
No Facebook, vi esta foto tirada esta manhã:
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