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Tenho tentado abstrair-me das notícias (seguindo até as sugestões de algumas pessoas da blogosfera), mas não posso deixar em claro a vergonha que sinto com todos aqueles que tentam passar à frente dos outros na vacinação. Servem-se cunha, de amizades, de influência e não há punição.
Parece um país anárquico, que é tal e qual como os vícios que nos pintam.
Havia quem achasse que vínhamos melhores pessoas deste confinamento.
Não, não viemos.
Já o tinha escrito quando houve as manifestações racistas e extremistas e agora está outro caso.
Olhamos para 1º eu, 2º eu, 3º eu. Vamo-nos servir do amigo médico para passarmos à frente dos outros. Afinal, o que é que pode acontecer ? Nada, como se vê.
Provavelmente irei ser dos últimos a ser vacinado, na minha vez. Sou saudável, jovem, não tenho cunhas nem tenho influência económica e ainda por cima em teletrabalho.
Com o aparecimento da vacina, já se estava que ia ver o xico-espertismo saloio.
O presidente da CM de Reguengos de Monsaraz aproveitou-se de um dos múltiplos cargos públicos que ocupa para passar à frente do resto das pessoas e se vacinar antes do tempo aqui. Este cidadão ainda por cima, foi objeto de severas críticas e desleixo na gestão que fez do vírus precisamente do lar que preside e que resultou em várias mortes.
Punição? Nenhuma, dado continua aí a prevaricar ainda mais.
A desculpa é o cargo que ocupa no lar. É o presidente (não é o auxiliar/geriatra), como se isso fosse desculpa para infringir as regras... Não acredito que ele anda diaramente a frequentar as instalações e a visitar nem a cuidar dos velhinhos. Para quem achava que vínhamos melhores pessoas depois da pandemia, cá está mais um exemplo de que não viemos!
Este é o exemplo que fere a dignidade do nosso país: a impunidade, as influências e o xico espertismo.
Mais um péssimo exemplo da classe política. É isto que contribui para a abstenção e para o aparecimento dos "Chegas" desta vida.
Já que falamos dos vícios da nossa sociedade, no blog sempre condenei violência. Por essa razão, condeno o que fizeram ao candidato André Ventura em Setúbal. Independentemente de não partilhar com algumas ideias, não pode ser atacado da forma como foi. Não é um exemplo democrático. E já agora, se os mesmos indivíduos/grupos que atacaram Ventura, tivessem atacado MRS, a cobertura mediática de ignoração seria a mesma?
O que se passou na 3ª feira no jogo PSG- Basaksehir tem de ser falado e refletido.
O PSG (poderoso clube francês) abandonou o jogo em solidariedade a uma discriminação racista ao treinador adversário.
Podia ter ignorado e seguido o jogo.
Existem igualmente acusações de racismo proferido pelo adjunto aos árbitros romenos chamando-os de "ciganos". Tudo está errado!
Em Portugal, aconteceu um episódio racista em Guimarães, com Marega. Os da casa ignoraram, tal como o capitão da equipa caseira André André ("não me apercebi de nada"). O jogador afetado queria abandonar o jogo, mas inexplicavelmente não o deixaram, numa espécie de "tu és pago para jogar". Criaram-se campanhas com resultados duvidosos.
Um outro episódio foi passado na TVI num domingo à noite num programa chamado "roast" em que apelidaram de "macaco" um dos intervenientes de cor negra. A plateia riu-se. Eu mudei de imediato de canal e critiquei o programa aqui no blog. Dizem que é humor negro. Não é humor... É preconceito e grave!
Que valores queremos enquanto sociedade? Para passar aos mais novos?
Esta semana, houve coragem e determinação do PSG. Suspendeu-se o jogo! Esta decisão fez mais que muitas campanhas e hashtags. Foi em França e tem de se refletir.
Esperam-se consequências, mas já ser notícia em vez de ser ignorado e abafado já é um passo!
Hoje vou falar de 3 casos de ciclovias e como elas podem ser vistas.
Será sobre 3 cidades diferentes, de 3 cores políticas diferentes e não sou eleitor em nenhuma delas.
Ponto prévio: não sou urbanistas, nem arquiteto, mas procuro ver as coisas com bom senso.
Sou um defensor de ciclovias e equipamentos públicos que propiciem uma vida mais saudável, ativa e ecológica. Já o manifestei várias vezes e procuro fazer por isso.
Lisboa
Presidida pelo PS.
O caso que menos conheço, mas foi onde morreu uma jovem de 16 anos ao circular na ciclovia cumprindo todos os requisitos de segurança (avançou no sinal verde do semáforo). Deu-se pouca importância ao caso porque é o que convém.
Dá para refletir sobre até que ponto há a prevenção e informação necessária, bem como a localização das ciclovias. Será que colocá-las nas ruas mais movimentadas das cidades é a mais segura?
Porto
Presidida por um independente
Na 6ªf precisei de passar pela Rotunda da Boavista. Ao sair para o Bom Sucesso, surge do nada linhas contínuas e logo a seguir ao desvio e "camuflados" pelo trânsito uns pinos a marcar o começo de uma ciclovia. Andam-se uns 300 metros e acaba a ciclovia.
Como condutor, além da confusão ao sair da rotunda de várias faixas, esse bloqueio dá origem a acidentes, buzinadelas e insegurança.
Fiquei sem perceber a necessidade de colocar ali aquela faixa amarela sem ligação a lado nenhum. Parece uma ciclovia plantada do nada numa rua movimentada em que a segurança antes e depois não é assegurada apenas para constar nos boletins municipais.
Quem conhece a zona, sabe que na rua por trás da rotunda junto ao cemitério de Agramonte é muito mais tranquila e "ciclável".
Espinho
Presidida pelo PSD
Para fazer a obra de "regime" e inaugurá-la a tempo das eleições autárquicas, a Câmara decidiu abater todas as árvores da Rua 19, o já chamado "arbocídio" em nome de uma ciclovia. A notícia do Público é desgastante: "árvores colidem com ciclovia e Câmada manda arrancá-las".
Em 2020, isto aconteceu - ver aqui. Levou-me refletir: se queremos cidades mais verdes, qual o custo em termos de segurança, localização e sacrifícios que é preciso fazer para ter as ciclovias?
Até que ponto a sua localização é exequível para as pessoas circularem em segurança? Até que ponto faz sentido "plantar" no meio da cidade e do caos do trânsito ciclovias de poucos metros? Já morreu pelo menos uma pessoa? Em Espinho, custou a vida a dezenas de árvores saudáveis.
Até que ponto uma fita para cortar em véspera de eleições prevalece sobre o bom senso.
No Facebook, vi esta foto tirada esta manhã:
Os prémios de desempenho atribuídos pelas empresas servem para premiar os funcionários mais competentes. Seja pelo atingimento de metas individuais ou pelas metas da empresas (geralmente vendas e resultados).
No caso do Novo Banco foram 2 Milhões a Administradores o que levanta indignação pelo facto de:
- o Banco estar a ser intervencionado com dinheiros públicos,
- estar semi privatizado (Lone Star),
- o atual contexto de privação de fontes de rendimentos de muita gente,
- o próprio banco ter prejuízos de 1.058 milhões de Euros (!!! - um poço sem fundo).
Mesmo com este montante a ser pago em 2022 e mediante certas condições - alguém acredito que eles não serão pagos?
Se os subsídios públicos já estavam contratualizados, a mim causa-me desconforto a dimensão dos prémios para a realidade portuguesa. Se pode haver mérito na execução de objetivos comerciais e métricas económico-financeiras, é imoral quando tantos portugueses estão em lay-off, desemprego e com corte de vencimentos, dar 2 Milhões de Euros de prémios com dinheiro dos impostos. Não sei quanto vai caber a cada um (entre executivos, não executivos e afins), mas pouco não será.
Parece um tacho onde todos comem e ganham, com o povo português a pagar. Não seria solidário pela Administração abdicar de parte desses prémios? Não diria da totalidade porque é justo que recebam pelos objetivos atingidos, mas valores razoáveis e morais.
Já nem me lembrava.
7 de Maio de 2018
Testemunhei aqui. Fui a uma consulta no centro de saúde devido a um sinal de carne. A médica avisou logo: um ano de espera era a previsão.
15 de Dezembro de 2019
Esta semana, com dois dias úteis de antecedência e um ano e meio depois recebo a convocatória para a consulta de dermatologia no hospital público. É uma "vergonha" (palavra da moda) esta distância temporal do serviço público de saúde. Agora já não preciso, resolvi o que tinha a resolver no hospital privado aqui.
Pago os meus impostos atempadamente e o retorno é lamentável.
Enquanto só se fala da conquista de Jorge Jesus no Brasil (e fico orgulhoso por isso!), Hermínio Loureiro foi acusado de corrupção.
Quando abri a wiipédia e vi o seu currículo, a sua teia de poder é assustadora:
- Ex presidente da CM de Oliveira de Azemeis
- Ex deputado do PSD
- Ex secretário de Estado
- Ex presidente da Liga de Futebol
- Vice Presidente da Federação Portuguesa de Futebol
- Presidente da Fundação la Salette
- Vice Presidente do Comité Olimpico Português
...
Parece um polvo que mexe em tudo o que é poder (política, futebol, obras, ...). Está a acusado de muitos crimes que envolvem corrupção, más práticas de contratação pública, pagamentos não-éticos de despesas partidárias, cunhas para "filhos de amigos", ....
Não se sabe se é culpado ou não, mas os media e o povo português preferem falar do Jorge Jesus.
Costumo falar muitas vezes deste tema, mas ignorar é ainda pior :(
Esta semana uma notícia chamou-me a atenção. Ao clicar, constatei que era exclusiva para assinantes.
Procurei no Google News a notícia e o site do jornal concorrente tinha a conteúdo da notícia resumido numa notícia aberta.
Fiquei a pensar nisso.
O modelo de negócio dos jornais digitais depende muito das assinaturas e dos cliques.
Se no caso das assinaturas existe esta espécie de concorrência desleal, põe em causa o negócio de cada um e da industria como um todo. Não me parece nada ética, ainda que refira a fonte e que é um "conteúdo pago". Ora bolas, se um coloca o acesso pago para passado uma hora já ter o concorrente a pôr aberto a resumir a notícia, não faz sentido.
Quanto aos cliques, já critiquei várias vezes a estratégia do clickbait: títulos imprecisos ou inconclusivos para levar o leitor a clicar, muitas vezes saindo as suas expetativas defraudadas. Tudo para mostrar o nº de visitas e pageviews aos anunciantes.
Porém, não é só nos medias que esta "xico espertice" acontece. Em muitas outras coisas, uns tentam ficar com o mérito e destruir o outro.
Quando se fala em corrupção e no seu combate, vêm-me logo à cabeça três nomes: Maria José Morgado, Joana Marques Vidal e Álvaro Santos Pereira.
Os três tentaram remar contra a maré e os três acabaram afastados pelo "sistema" das suas funções executivas. Ora por fim de mandato, ora por demissões forçadas (na prática).
Os três têm em comum o facto de que quando falam da corrupção e dos lobbies do país deixarem sempre algo por dizer.
Chega a ser incomodativo para quem ouve, porque fica sempre a sensação que sabem mais do que aquilo que realmente dizem.
Esta semana ficamos a saber:
- Portugal não implementou 73% das práticas anticorrupção do país
- Álvaro Amaro não pôde ser detido por ter "imunidade" europeia e o seu líder partidário assobia para o lado
- No governo não está melhor. Das enésimas nomeações familiares de competência dúbia, só três foram afastados.
- Em Barcelos, o presidente acusado de corrupção quer continuar a exercer o cargo onde é acusado de cometer crimes a partir de casa.
- De Pedrogão nem vale a pena falar.
Ah, no dia das próximas eleições lá vem o discurso da abstenção...
Este fim de semana muito se falou de Educação.
A minha opinião sobre os professores, o estado do ensino e o que realmente deveria preocupar os sindicatos é conhecida.
Hoje vou falar de uma notícia que foi ofuscada no fim de semana sobre a investigação de viciação de notas do Colégio Ribadouro.
Quem estuda no Porto, sabe que quem quer ir para Medicina e não tem média na escola pública, só tem uma solução: ter pais ricos e inscrever-se no Externato Ribadouro. As notícias de investigação de empolamento de notas (nomeadamente a Ed. Física) não surpreendem.
Segundo o que se ouve, o ensino é totalmente vocacionado para ter boas notas nos exames nacionais. E ainda bem que existem exames nacionais que são iguais para todos os alunos, evitando o favorecimento através das notas internas.
Um primo meu que estudo Medicina na U. Porto contava no Natal que existe uma diferença muito grande entre os alunos que chegam da escola pública e dos colégios. Há casos e casos, mas a capacidade de desenrasque, raciocínio e (des)formatação dos alunos provenientes do ensino público é maior.
Esta é uma dicotomia interessante que pouco se tem falado nos últimos tempos: ensino privado vs público.
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