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O tema desta semana foi o preconceito contra o excesso de peso e a ditadura da imagem.
Já por várias vezes critiquei a forma como os media e a publicidade discriminam e perpetuam a obsessão do corpo "perfeito". Por isso estou à vontade para voltar ao tema.
- Maio 2021 - critiquei o texto de uma novela da TVI em que zombava com os "gordos" a troco da gargalhada fácil. A forma acrítica como foi interpretada pelas atrizes e o despudor dos autores em menorizar os outros.
- Abril 2021 - critiquei o cantor Diogo Piçarra por se ter sujeito a um "tratamento" atroz de perda de peso para ... ser capa de uma revista masculina. O ridiculo chegou ao ponto da própria esposa se vir queixar em público da performance sexual do marido dado o seu estado de exaustão física.
- Fevereiro 2023 - critiquei a escolha dos modelos pela marca Salsa e respetiva publicitação do shopping Alameda, bem como o modelo escolhido pelo Fitness Hut na promoção dos seus serviços. A marca de roupa portuguesa por alguém extremamente magro e o ginásio português por alguém demasiado musculado.
Esta semana foi um cronista já reformado, com um discurso preconceituoso e discriminatório a criticar o peso de uma apresentadora (já nem vou pela questão de não ter referido nenhum apresentador masculino). Esta ideia de corpos perfeitos, de que só quem é magro é que é bom não significa nem mais saúde e muito menos mais auto estima. São estes discursos e crónicas que levam a que as pessoas se sintam infelizes, frustradas e distúrbios como a anorexia.
Não posso deixar de criticar ainda duas coisas:
- mesmo depois da visada se ter sentido ofendida, o cronista não pediu desculpa. Mostra falta de humildade, conservadorismo e teimosia. Sou defensor do respeito pelos mais velhos e que idade não significa inutilidade. Ter espaços de opinião para vir com discursos do tempo da "outra senhora", ofender pessoas e nem sequer reconhecer os erros não é bom. Ainda há tempos, houve uma situação semelhante com um discurso machista de José António Saraiva contra a seleção de futebol feminino.
- A perseguição vil, doentia e maldosa do Correio da Manhã durante toda a semana à apresentadora. O mesmo jornal que paga ao Facebook para "patrocinar" notícias invasivas de um jogador de futebol que viu a sua privada e sexual devassada por uma ex-namorada.
Uma falta de respeito enorme pelos outros!
Nos últimos dias cruzei-me com duas stories patrocinadas no Instagram que não gostei e explico porquê.
A primeira era de um shopping que publicitava uma marca de calças ganga portuguesa com loja nas suas instalações. A modelo correspondia a todos os estereótipos: loira, alta muito magra, com o rabo empinado virado para a foto.
A segunda era um do ginásio que convidava o utilizador a juntar-se à "tribo". O modelo de meia idade (vá lá!) correspondia aos estereótipos: morenaço e todo musculado.
Não gostei do facto de ambos os anúncios nos apresentarem, como perfeitos, corpos que não representam o português comum e nem o 100% saudável nem recomendável.
No caso das modelos, visto por muitas jovens o passaporte para a fama e para as novelas, quantas vezes vemos denúncias de pessoas que sofreram bulímia, anorexia e complexos por não atingirem o que consideram corpos perfeitos? Quantas têm uma alimentação pouco saudável para não engordar? Passam por privações alimentares? A marca portuguesa e shopping poderiam ter escolhido alguém mais "comum" e não tão magro.
No caso do ginásio, para atingir os corpos musculados, vemos (por ex. nas redes sociais) muitas pessoas a tomar e a promover empresas de suplementos cuja eficácia e necessidade é muito questionável. A maioria das pessoas que vai para os ginásios não ambiciona ser "musculada" nem o objetivo dos ginásios deveria ser para musculados. Deveria ser antes para atrair mais pessoas para o exercício físico e uma melhor saúde (aliás esse é o argumento para chorarem por apoios e incentivos fiscais - Portugal tem das taxas mais baixas da União Europeia de praticantes de desporto e estes anúncios contribuem precisamente para essa desmotivação).
As empresas são livres de escolherem quem quiserem, bem como eu também sou livre de não me identificar com as mensagens.
2022 talvez tenha sido o ano onde tive mais falta de vontade de escrever no blog.
Poder-me-ia desculpar com a falta de tempo, mas não seria totalmente verdadeiro. Se é verdade que com o levantamento das restrições do covid e regresso à normalidade, o tempo passado no computador foi menos, também houve outro fator para me ter afastado deste espaço.
Tenho notado a existência de algumas pessoas que, ora assinando, ora em anónimo, vêm cá comentar apenas para criticar. Não têm opinião sobre nada, nem acrescentam valor. Não me conhecem de lado nenhum.
Lêem um post, criam uma ideia e volta e meia lançam o seu fel. Palavras como "você põe-se a jeito" ou "você que se diz inteligente " ou "você não é livre de fazer no seu blog o que entender" acabam por tornar um hobby numa guerra suja de comentários de redes sociais.
Chegam ao cúmulo de responder a outros comentários apenas para desvalorizar.
Não quero isso nem preciso deste bullying na minha vida.
Para 2023, quero voltar a escrever com assiduidade, mas vou fazer uma coisa que nunca pensei fazer: moderar os comentários. Podem-me acusar de fraco, de excesso de sensibilidade, mas sendo o "meu" blog, ainda tenho essa possibilidade.
Durante o Mundial, foi divulgado um vídeo intimo de um jogador português nas redes sociais.
O jogador em causa tem 21 anos. Já é adulto, informado e sabe dos riscos que têm esse tipo de filmagens. Cometeu um erro de imprudência, mas nenhum crime. A receptora, mal intencionada, aproveitou-se do apogeu do jogador e partilhou a sua intimidade nas redes sociais. Uma partilha certamente não consentida. A situação foi abafada e bem. Mas há quem goste de mexer no podre e alimentar-se dele, tal com os abutres.
Nas minhas stories do Facebook, apareceu-me esta story patrocinada (ou seja o anunciante "CM TV" pagou ao Facebook):
Um grupo de media cotada na Bolsa portuguesa, a pagar para promover uma "notícia" que fere a vida privada de uma pessoa, ainda por cima figura pública.
Se isto nem sequer devia ser notícia, nem partilhado, muito menos ser "patrocinado".
É obsceno este aproveitamento, quer do jornal, quer da rede social.
Há limites do bom senso!
Quando ouvi as notícias dos ataques informáticos, lembrei-me de um post que já tinha escrito há 4 anos atrás. Fui recuperá-lo hoje.
Foi sobre o Wannacry em 2017.
O Wannacry foi um ataque informático a algumas empresas de telecomunicações que levou á sua paralisação.
Em 2018, tornou a ser notícia em Portugal a questão da proteção da informação com passwords - escrevi sobre isso aqui.
Passados três anos, escrevo novamente sobre o tema depois da Vodafone ter sido fortemente atacada ao ponto de afetar o país inteiro e serviços essenciais. Ao mesmo tempo, a Impresa, os Laboratórios Germano Sousa e a Cofina foram também alvo de ataque.
Os hackers, piratas dos novos tempos, ainda gozam do desconhecimento, impreparação e desleixo dos novos tempos.
Estamos cada vez mais expostos e não é por falta de aviso. 4 anos depois do Wannacry é tempo mais do que suficiente para as empresas se preparem para protegerem os seus ativos, os seus serviços e os dados dos clientes. Se há setor que me preocupa particularmente é o bancário porque mexe com dinheiro (dados muitos sensíveis) e já que pagamos comissões...
Hoje ficamos a saber que só existem 60 agentes policiais para investigarem crimes cibernéticos desde hacker às burlas no MBWay. 60 para 10 milhões de habitantes. Mais uma herança de 6 anos do Ministro Cabrita. Os resultados estão à vista.
Já que a casa roubada, espero que haja trancas à porta (que a maioria absoluta sirva para reforçar estas equipas). Mesmo ao nível das empresas, que haja reforço na proteção da informação.
Nós próprios também devemos ser mais vigilantes e ter antivírus no computador. Por acaso tenho esse cuidado - pago todos os anos a subscrição por vinte e poucos euros.
Ao correr do Facebook, cruzei-me com uma crónica de um debate do jornal Público. A curiosidade levou-me a clicar nos "203 comentários" e chocou-me o que li.
Insultos gratuitos à forma física de um dos debatentes vindos de perfis sem rosto.
"Popota" e "Miss Pigy" foram os mais simpáticos. Dei por mim na sanita da vergonha humana. E entramos no domínio da liberdade de expressão versus censura.
- Até que ponto o Facebook pode permitir este bullying infantil?
- Até que ponto um jornal prestigiado pode deixar que os comentários ao seu trabalho seja inundado de insultos?
Isto numa semana em que um aluno espancou outra numa escola pública e partilhou nas redes sociais. Logo na semana de regresso às aulas. Para quem sofre deste tipo de agressões, a escola que deveria ser um lugar de aprendizagem torna-se um lugar de opressão. Não é de hoje, mas não melhora e esse é o problema: aceitar isto como normal.
Comparo estes dois casos para assinalar a banalização do insulto e da violência física e moral. As redes sociais devem dar liberdade às pessoas, mas não ser um espaço de normalização de agressões.
No frenesim dos dias e da ansiedade do vírus, a natureza segue o seu caminho.
Começou a Primavera, uma das mais belas estações do ano. As cores, cheiros e sons com os dias maiores e mais quentes trazem uma outra animação aos nossos espíritos.
Partilho estas orquídeas do meu jardim fotografadas ontem:
Qual é o problema de uma pessoa se emocionar e chorar em público?
Aconteceu à ministra da Saúde, como aconteceu à ministra Constança Sousa no funeral de uma das vítimas do incêndio. Como pode acontecer a qualquer um de nós.
Os pior intencionados, com um misto de sexismo, caíram logo em cima. Não vejo mal nenhum. Independentemente de partidos, somos todos humanos! Estamos todos cansados com a pandemia, mais sensíveis, mais irritados. A Marta Temido está numa posição complicadíssima que nem nos seus piores pesadelos imaginou: ser ministra da Saúde em plena pandemia. Tomar decisões para ontem, dar a cara e a navegar "à vista".
Está lá desde Março a dar cara pelo menos. Tem cometido muitos erros, que já critiquei aqui no blog, mas uma coisa não tem nada a haver com a outra. Não lhe agradeço, porque não faz mais que a obrigação dela enquanto ministra, mas admiro a sua coragem e persistência.
Daí que não perceba a perseguição destes dias por ter chorado em público.
Depois, temos um outro ministro com apelido Cabrita que é bastante arrogante, teimoso e super protegido. Talvez por ter uma postura e discurso forte, parece que está tudo bem e acha que não tem de prestar contas a ninguém.
Dois pesos e duas medidas das nossas redes sociais censuradoras.
Foto do AgitÁgueda - da minha autoria
Neste recolher obrigatório, fiz um exercício para confirmar as minhas impressões. Fui analisar a data do último post de alguns blogs dos "Sapos de ano" de 2019. Confirmei a minha suspeita. Cerca de metade não têm um único post nos últimos três meses, havendo até alguns inacessíveis (marcados como "privados").
Há vários meses que noto que há cada vez menos blogs ativos em comparação com 2015 quando criei o meu. É normal haver um vai-vem entre novos e desistentes, mas sinto mais "vai" do que "vem".
Da comunidade Sapo, noto que os blogs mais ativos já foram criados há algum tempo.
Ter um blog é um hobby mas dá trabalho.
Nem sempre há tema ou ideias para escrever uma coisa de jeito. Temos de refletir no que vamos publicar. O próximo processo de edição implica vários links e etapas até ao "Publicar". Por outro lado, o feedback não é muito mensurável.
No lado oposto, crescem como cogumelos as páginas de Instagram (o facebook já é old school porque também implica escrever). É muito mais fácil e trend postar uma fotografia, contabilizar os seguidores, ver quantos e quem viu a story e sobretudo é mais fácil de comentar e reagir.
É com pena que vejo cada vez menos pessoas a escrever, a dedicar-se a textos, a exprimir ideias e a perpetuar nos motores de pesquisa os seus posts. Privilegia-se o fácil e o imediato. Os blogs são um espaço gratuito de livre exposição de pensamentos, troca de comentários, sem pressão de "likes" ou "seguidores".
A Andreia disse há uns tempos que um blog e uma rede social não são substituíveis. Podem ser complementares, mas com objetivos diferentes, sobretudo para quem é um hobby. Continuo a concordar 100%.
Para concluir insisto na ideia para a equipa SAPO: podia haver nos nossos blogs, como existe no blogspot, a possibilidade de um feed dos nossos favoritos no blog e que inclua as várias plataformas (sapo, blogspot, wordpress...). Ajudaria a criar mais dinâmica do que as "leituras" que são exclusivas para o sapo e implicam carregar em mais um link. Fica a ideia!
No passado domingo vi o documentário que toda a gente fala. Demonstra por 1+1=2 o impacto que as redes sociais (Facebook/Instagram ...) têm nas nossas vidas e como é que elas ganham dinheiro com os nossos dados e utilização.
Não tem propriamente novidades, mas fica de forma clara e evidente o modelo de negócio, como os algoritmos funcionam e sobretudo como nos controlam e obrigam a ficar mais tempo nas aplicações.
Conseguimo-nos rever perfeitamente nas situações descritas e o que fazem para aumentar o nosso tempo de permanência nas redes, identificação de gostos e exposição a publicidade:
- Quando fazemos uma pesquisa no google (ou até quando falamos num tema junto ao telemóvel), aparecem logo imensos anúncios relacionados com o tema
- As notificações que nos lembram de determinada página
- As notificações que nos dizem que determinada pessoa postou algo novo e já não o fazia há algum tempo.
- o scroll que está sempre a refrescar coisas diferentes quando vamos para o início.
- as stories que são a melhor invenção para colocar publicidade no meio
- ...
Mostra também como estamos dependentes das redes sociais, da manipulação das nossas vidas e das dificuldades em desligar.
Um alerta que nos permite ter consciência do que como afeta as nossas vidas sem darmos por ela.
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